Limite internalizado

Indivíduos que somente cumprem seu papel ético, moral e social diante de leis concretas, encontram ao longo da vida profundos desafios, pois a subjetividade contida em qualquer relacionamento interpessoal exige postura. A falta da internalização do limite implica em conseqüências as mais variadas. Desde pequenos delitos, à invasão ao outro, ou o extremo, a omissão ao outro. A inadequação é fato diante de pessoas que não internalizaram a lei. Não estabeleceram internamente até que ponto avançar ou recuar diante das mais variadas circunstâncias, inclusive nos mais variados relacionamentos.
A subjetividade permeia toda e qualquer relação. A falta de tato, cuidado e até mesmo respeito é algo que emerge quando não há internamente a noção de até onde se pode ir. Muitas vezes racionalmente o indivíduo até perceba o que deve fazer, mas não faz. Segue o seu desejo e cumpre a lei apenas se for obrigado de alguma forma. A criança nasce com o id, ou seja, os instintos livres, o que faz com que queira comandar. Não tem limites estabelecidos. Ao ser inserida na cultura irá passar por essa internalização de valores e regras. Irá criar noção em termos racionais e emocionais. E isso pode ser feito com cuidado e respeito por parte dos pais. Não precisa ser com agressividade, embora as vezes demande firmeza e determinação.
Esse aprendizado irá refletir nas futuras atitudes e posturas. Começa a nascer o superego, ou seja, o sensor interno que organiza e limita as emoções e ações. Por isso a fase de formação de uma criança é tão importante. Agredir uma criança não é ensiná-la a ter limites. Para tanto é preciso que ela adquira a consciência de que nem tudo é como ela deseja, as coisas são como são. Içami Tiba substitui a palavra consequência pela palavra castigo. Bela forma de ensinar o limite a uma criança. É necessário além da consciência, que a criança passe pela experiência de não fazer apenas o que deseja, mesmo quando ainda não tem alcance de entender as circunstâncias. Isso para que além da razão aprenda na emoção. E não precisa ser com agressividade. Muitos problemas advém da falta de organização e internalização eficazes dos limites.
Jung já dizia: O que se resiste persiste, ou seja, o que não é aceito trará sempre problemas e conseqüências. É necessário aceitar que nem tudo é como se deseja, mas é como deve ser.