Dr. Carlos Eduardo Guimarães

A Dependência Química do Cigarro

Dr. Carlos Eduardo Guimarães*

É mais que notório a alusão aos males provocados pelo tabagismo. Apesar disso, no mundo todo, estima-se que 1/3 da população é viciada no cilindro fumegante. Os jovens ocupam lugar de destaque, responsável por 30% dos fumantes.
Antigamente os comerciais sobre o cigarro vinham carregadas de alusões ufanistas evidenciando o fumante cercado de mulheres, carrões, barcos, aviões que traduziam “o sucesso”. Com o passar dos anos a conscientização foi modificando, muitas vezes devido à adesão aos movimentos ecológicos e naturistas, e da valorização do ” físico ” que carrega atrás dos exuberantes músculos a disciplina de hábitos.
Todo mundo que fuma tem consciência que está envolvido com um potencial fabricante de doenças. Além de ser o maior agente provocador de câncer de pulmão, provoca também câncer em todos os órgãos, impotência sexual, úlcera péptica, deficiências hormonais, infarto e enfisema pulmonar, entre muitas doenças provocadas pela exposição diária à fumaça (contém mais de 100 produtos maléficos à saúde!).
Por outro lado, devemos compreender que o uso do cigarro desenvolve dependência física e psíquica semelhante à dependência da cocaína. Então, devemos ter cuidado ao qualificar o viciado em cigarro de “sem vergonha” ou qualquer adjetivo constrangedor, pois a dependência química tortura o viciado e qualquer rotulação pode ser considerada uma perversidade.
A melhor forma de ajudar alguém ficar livre do tabagismo, é exatamente entendendo as dificuldades em superar a abstinência. O incentivo para abandonar o hábito, deverá sempre vir com um requinte de ganho e não de perda. Parar de fumar é aumentar a sobrevida em 10 anos! Pense nisso!!!
Em contrapartida, os governantes de todo o mundo estão combatendo o tabagismo, com campanhas as quais acolhem o viciado e lhe oferece tratamento médico especializado. Tratamento médico ajuda muito aquele que quer parar de fumar. Estes governos que arrecadam uma verdadeira fortuna com os impostos, agora terão que combater a indústria tabageira, por determinação jurídica. Assim, as fábricas de cigarros e outros gêneros que geram empregos e desenvolvimento social, carregam o pesado fardo de seus produtos serem canais de dependência e de serem vetores de doenças graves.
Quem fuma, além de prejudicar a sua própria saúde , atinge muitas vezes pessoas que vivem ao redor das baforadas, reconhecidos como “fumantes passivos”. Em Michigan (EUA) um relatório médico descreveu a história de uma paciente que desenvolveu enfisema pulmonar sem nunca observar que diariamente era vítima do vício do seu patrão, que queimava 3 maços de tabaco diariamente.
Devido a atividade profissional, trabalhava ao lado do tabagista e inalava “passivamente” todo aquele vapor maléfico. O patrão foi condenado a pagar uma indenização e uma aposentadoria para secretária.
Atualmente cerco está mais insípido. Muitas empresas não empregam pessoas que têm o hábito de fumar. Aliado a este fato, o ministério da saúde resolveu observar o prejuízo contabilizado em diversos segmentos econômicos, principalmente à trabalhadores fumantes (doentes) que faltavam ao trabalho e consequentemente “empurravam” o ônus do tratamento aos cofres do governo. Este movimento criou uma verdadeira frente de oposição aos fumantes.
As leis estão cada vez mais severas no cerco aos viciados; restaurantes, aviões, recintos públicos e privados são hoje implacáveis com a poluição tabágica. Mas, não pensem que as indústrias fabricantes de cigarros irão parar de anunciar ou promover seus produtos. Afinal de contas, são geradoras de impostos e lucros significantes. Enfim, a guerra comercial vai começar e estarão envolvidos todos tipos de apelo. O que importa é a consciência de cada um e a clarividência em compreender que apesar de lucrativa, o tabaco traz doenças incuráveis e irreversíveis, escondidos atrás de um prazer que fatalmente, no futuro, traz arrependimentos .
Até a próxima.

*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.