Dr. Carlos Eduardo Guimarães*
Quem é que nunca ouviu esta advertência de algum amigo: “Não mexe com isto, porque vai te dar uma dor de cabeça danada!”. Bem, este sábio conselho se refere a algum tipo de “raiva ou aborrecimento” que gera uma dor em alguma parte da cabeça.
As dores de cabeça advêm de diversos fatores, inclusive os emocionais. Geralmente ela vem de forma insidiosa, leve, acompanhando algum esforço visual, que reflete problemas oftalmológicos, ou mesmo após uma refeição farta em frituras ou gorduras, refletindo má digestão. Quando aparece a dor de cabeça, ela vem denunciando algum problema interno seja físico ou emocional.
Em ambulatórios gerais de clínica médica, a dor de cabeça (cefaleia) é o terceiro diagnóstico mais comum, cerca de 20%. As dores de cabeça (cefaleias) podem ser primárias; quando há uma condição clínica associada que cause o sintoma (exemplos: enxaqueca e cefaleia tensional) ou secundárias; quando a dor de cabeça passa a ser um sintoma de outra doença associada, por exemplo: meningite, encefalite, sinusite, hemorragia ou tumor cerebral, dentre outras.
Os principais alertas que indicam a possibilidade de uma cefaleia secundária são os sintomas persistentes. Existem vários tipos de cefaleias, e a pior delas (sem considerar as malignas) é a chamada “cefaleia histamínica”, que apresenta dores violentas e que muitas vezes podem levar o indivíduo ao desespero e até mesmo ao suicídio., A enxaqueca e a cefaleia tensional são as cefaleias primárias mais comuns e apresentam sintomas bem característicos. A enxaqueca pode apresentar cerca de 5 fases distintas: A primeira é caracterizada por irritação, memória mais lenta e dificuldade em dormir. A segunda pode vir com sintomas visuais ou aquela impressão de estar vendo cores mais vivas ou brilho exagerado nos objetos. A terceira é a dor propriamente dita de característica pulsátil ou latejante com duração de até 7 2 horas, acompanhada de fotofobia e fonofobia, ou seja, a luz e o barulho incomodam e por fim, a ocorrência de náuseas e vômitos.
A cefaleia tensional costuma surgir ao longo dia, afetando a parte posterior do pescoço ou as têmporas. Neste tipo de cefaleia, os pacientes percebem a dor como um aperto ou pressão na cabeça. Nem sempre as cefaleias são inocentes, portanto fique atento para os seguintes sinais e sintomas: 1- Elevação súbita da pressão arterial, anormalidades da visão com visão dupla ou imagens destorcidas, febre, rigidez de nuca, perda do equilíbrio. 2-Alteração do nível de consciência, a qual poderá ser traduzida por uma simples sonolência diurna e confusão mental. 3-Dor mais intensa que o habitual. 4-Primeiro episódio de cefaleia do tipo aguda (início súbito) e intensa. 5-Cefaleia que não melhora com medidas e medicamentos habituais. 6-Enxaqueca severa e que não responde ao tratamento habitual.
Outro problema muito grave, a ocorrência de aneurismas, que são dilatações das artérias, que na grande maioria das vezes começam como uma forte dor de cabeça podendo levar ao desmaio, à convulsão e à inconsciência. Os aneurismas poderão ser tratados através de correção cirúrgicas, mas na maioria dos casos quando ele dá sinais, geralmente são sinais que refletem uma condição grave, e que merecem intervenções imediatas. Antes de medicar-se ou mesmo de amarrar faixas na cabeça ou ficar quieto esperando a dor passar, a melhor atitude é procurar assistência médica especializada, que poderá ser uma ação salvadora.
Na Medicina Tradicional Chinesa utilizamos a Acupuntura, com muito sucesso no tratamento das cefaleias, fazendo com que os pacientes evitem o uso de analgésicos potentes e carregados de efeitos colaterais. Na Fitoterapia também utilizamos algumas plantas que são capazes de evitar as crises de enxaqueca (ex: Tanacetum parthenium), e por último a Yoga e a Meditação. Mas lembre-se: Quem está apto a indicar algum medicamento ou tratamento, é sempre o médico.
Até a próxima.
*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.