Dr. Carlos Eduardo Guimarães*
Infelizmente, quase tudo que o americano inventa, empurra pro mundo goela abaixo e o brasileiro acompanha. Até nas favelas, onde se encontra uma camada social excluída, está lá o Funk ou Rap tomando conta do sub-mundo da cultura nacional. Como não bastasse, se vestem igual aos americanos, com bonés, tênis e bermudões do Harley.
Terrível influência da mídia. Pobre cultura tupiniquim…
Pra variar, a onda de FAST FOODS, outro mal exemplo dos americanos ao mundo, vem sendo absorvido pelo povo que ignora a origem e a essência do que estão ingerindo. A alimentação, embora não seja vista pela grande maioria como uma forma de melhorar a saúde, é um dos pilares mais importantes para a longevidade com plenitude. Exportando as “batatas chips e pop corn para micro ondas”, agora é a vez da gordura TRANS.
Este nome “trans” vem de transversos, ou seja, a posição da cadeia de átomos que compõem esta molécula de gordura. O nome é esquisito e seus efeitos no organismo ninguém sabe direito, só se sabe que ela está presente em vários tipos de alimentos, principalmente aqueles que a meninada gosta mais.
Essa gordura entra na composição de diversos alimentos, desde do bolo da padaria ao biscoito “água e sal”. Seu uso deixa esses produtos mais crocantes, sequinhos, duráveis e apetitosos. Mas, além de aumentar os níveis do “mau” colesterol, a gordura trans também diminui a quantidade do colesterol HDL ou colesterol “bom”, favorecendo o aparecimento de doenças cardiovasculares, a arteriosclerose e a obesidade.
Cada vez mais aparecem meios de conservar os alimentos e também dar “aquele gostinho de quero mais”, só que na maioria das vezes, estes conservantes são altamente prejudiciais à saúde. Por causa disto a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determinou que, a partir de 1º de agosto de 2006, as empresas devem especificar nos rótulos o teor de gordura trans de seus produtos.
Uma das preocupações dos médicos em relação à gordura trans é que ela está oculta em grande parte dos alimentos industrializados e é consumida inadvertidamente. O chocolate Diet (cultura americana), por exemplo, é indicado para diabéticos por não conter açúcar, mas pode ter uma quantidade igual ou maior de gordura do que o chocolate convencional.
Ao retirar o açúcar, o chocolate fica com sabor e consistência menos agradáveis. A gordura hidrogenada (que gera ácido graxo trans) melhora o sabor, por isso pode ser utilizada em vários desses produtos. Pela legislação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, os produtos light são os alimentos com redução mínima de 25% de determinado nutriente ou caloria. Se a redução é na quantidade de gorduras em geral, conseqüentemente conterão menos ácidos graxos trans.
Nos EUA, a ONG TransFats processou vários estabelecimentos na área de alimentação, pelo descumprimento de um acordo feito em 2002, de cortar drasticamente a utilização de gordura trans. Por ser produzida a partir de óleos vegetais, ricos em ácidos graxos insaturados, que equivocadamente já foram considerados uma melhor opção às gorduras de origem animal (como a manteiga) que produzem o mau colesterol. Mas hoje, sabemos que o óleo vegetal, ao ser hidrogenado para criar a consistência da margarina, transforma a gordura vegetal em gordura nociva à saúde.
Visando corrigir estes problemas algumas indústrias retiraram os ácidos graxos Trans de suas margarinas: Becel, Doriana, Claybom, Delicata e Qualy Light (outra nomenclatura americana) são alguns exemplos de produtos livres da gordura trans, portanto, recomendáveis ao consumo.
Outro segmento que utiliza a gordura Trans para preparação de alimentos tipo hambúrgueres etc., são as redes de lanchonetes tipo Mac Donnald?s. Além de ser mais durável, esta gordura tem uma estrutura que conserva melhor o alimento e o deixa mais atraente. É por isso que a batata frita fica mais dourada e parece mais crocante do que a feita em casa, nos trazendo uma grande ilusão que estamos ingerindo alimentos saudáveis. Mais uma enganação que vem a cada minuto na “telinha da TV”, convidar alguém a degustar uma grande porcaria! Depois de mais esta bomba lançada pela globalização imperialista, que empurra para os países de terceiro mundo “qualquer coisa”, cria-se uma questão: Porque estamos trocando nossa cultura por lavagens cerebrais e lavagens comensais? Não está na hora de pensarmos em uma mudança?
Até a próxima.
*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.