Dr. Carlos Eduardo Guimarães*
“A saúde se cria e se vive na vida cotidiana; nos centros de ensino, de trabalho e de lazer. A saúde é o resultado dos cuidados que se dispensa a si mesmo e aos demais, da capacidade de tomar decisões e controlar sua própria vida e de assegurar que a sociedade em que se vive ofereça a todos seus membros a possibilidade de gozar de bom estado de saúde.” (*)
O Sol e os astros direcionam suas energias para tudo, influenciando diretamente o comportamento dos seres que estão no universo. Desta maneira, as estações do ano são períodos de mudanças, onde todos os organismos, por serem constituídos dos mesmos elementos, se adaptam e muitas vezes, em excesso ou deficiência, se desequilibram. Neste contexto, a estação verão ativa o calor, manifestado na alegria, na movimentação e também, quando excessivo, na agressividade. Nos países tropicais, as festas populares alegremente ganham as ruas, assim como o carnaval, carregado de muita alegria e pouca roupa, é sabiamente realizada no verão. O corpo humano exala na transpiração, o fogo do calor do verão. O inverno é a estação do frio, formando gelo e gerando nas pessoas a introspecção e também a organização.
Os países frios são sempre muito organizados e desenvolvidos, talvez devido a necessidade de economizar no verão para gastar no inverno. Nesta estação, escolhemos as cantinas e os refúgios onde tenha uma fogueira ou mesmo o calor humano. Quando o frio está excessivo, o corpo fica mais propenso à formação de alergias, resfriados, dores articulares e também muita tristeza. Isto é bem claro nos países gelados, onde o povo parece triste e mal se cumprimenta.
Há quem diga que a primavera é a mais bela das estações. Dizem que é na primavera que os corações mais se apaixonam e que as pessoas são mais amáveis umas com as outras. Da primavera diz-se também que é o período em que as pessoas estão no melhor do seu humor. É isso mesmo, parece que na primavera há mais espaço para os sonhos e alegrias que estavam acorrentados em nossos corações e em nossas mentes. Parece que há algo no ar que nos faz mais otimistas. E realmente há algo no ar. Não só no ar, mas também nas montanhas pois elas ficam bem mais bonitas. Não só no ar e nas montanhas, mas também no mar, pois ele fica mais azul, mais calmo.
Segundo a filosofia indiana, a primavera é a estação do ano onde acontece a inércia do inverno e do verão, sendo a estação que mantém o equilíbrio do corpo, principalmente da mente (que detesta a secura do outono). Acompanhando este momento de sublime equilíbrio, as flores desabrocham e dão um toque de leveza e formosura à natureza. Sabemos que as flores são a expressão da consciência do reino vegetal e que simbolizam a espiritualidade da natureza. Portanto, vamos aproveitar este período para meditarmos, já que a natureza está ajudando, e imaginar um mundo mais justo e mais equilibrado, sem injúrias e devastações.
Vamos meditar para que o presente seja pleno e digno da criação divina, que nos manda gentilmente nos elementos toda sua inteligência e sabedoria. Vamos respirar o ar da
Primavera, carregado de perfume das flores e da bela tela colorida que se contempla nas pétalas, indicando inocentemente que o equilíbrio, mais que a razão, tem como resultado o pleno entendimento da natureza.
(*) Carta de Ottawa: redigida na Primeira Conferência Internacional sobre a Promoção da Saúde (os meios para promovê-la), realizada em Ottawa em 21 de novembro de 1986
Até a próxima.
*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.