Dr. Carlos Eduardo Guimarães*
Estes últimos dias foram um tanto quanto reflexivos para mim. Duas pessoas intimamente ligadas, resolveram dar um pulinho ao céu. Jairo Bahia e Dalton Castro, este último, amigo do Dr. Paulo Monteiro, foi o responsável por minha vinda para Caeté.
Viveram intensamente com muita alegria, deixando para os amigos muitas lembranças e principalmente muitos ensinamentos. Nestes momentos paramos para refletir sobre a falta de conhecimento sobre a morte física, percebemos que cada ente querido que parte para outra consciência, transforma nossa vida em outra.
É como se morremos junto com eles e tivéssemos que estabelecer uma vida renovada, sem a presença deles. Sim, pois a vida não será a mesma sem nossos amigos, que eram parte integrante de momentos tão próprios. A vida não será a mesma, pois o tempo passa inexoravelmente, levando com ele a história de tudo. Nesta hora, percebemos que a vida é um infindável corredor de encontros e despedidas..
Todas as religiões buscam explicações baseadas nos livros sagrados para o sentido da passagem do ser humano na terra, com suas metáforas e preciosidades, mas ainda sem uma fundamentação perene. Isto fica claro pela não aceitação da morte como uma transformação, sendo este momento carregado de dor e sofrimento.
Cada época, o conhecimento do universo e sua inteligência, nos faz crer que a energia é algo que não acaba, estando em constante estado de transformação, como cita o velho corolário de Lavoisier. E assim a vida vai continuamente se transformando. Por isso, acredito que o homem como parte do universo, é um ser que não morre, mas se transforma. E esta transformação, com certeza, pertence à inteligência universal.
Para quem conhece a cultura oriental, os ensinamentos sobre vida e morte são comumente entendidos como uma tarefa que cada um tem de desempenhar sua missão. Quando acaba a vida terrena, há motivos de sobra para festejar o desfecho de uma etapa. A outra etapa é invisível, energética, quântica e imaterial. Eu creio nisso…
Estes ensinamentos nos põe frente à frente com nossa realidade. Afinal de contas, porque viemos à este mundo? A evolução emocional e espiritual faz com que passemos a compreender melhor o sentido da vida. Por isso é preciso falar da vida para entendermos a morte. Se fugirmos deste tema seremos sempre cobertos de dúvidas. Percebemos que cada dia que começa é uma aula nova de vida e que também é um momento importante para podermos recomeçar e reescrever nossa história.
Esta compreensão se dá de forma mais racional para aqueles que pensam neste momento naturalmente. Mesmo sendo tão repudiado pela maioria das pessoas, porque não encararmos esta situação tão real e obrigatória ao invés da contemplação da dor e lamentos? Até quando iremos negar a realidade? Acreditar em Deus, é antes de tudo compreender que somos parte dele, e que sendo assim nunca morreremos. Acreditar na vida é antes de tudo procurar respeitar a natureza e os seres que habitam no planeta.
Por isso, saibam os meus amigos queridos que já se foram, nos encontraremos um dia, e assim poderemos entender um pouco mais sobre o desligamento da matéria. A vida é uma pedra de diamante -cada um vai lapidá-la à sua maneira e o brilho virá da recompensa da trajetória e do conhecimento adquiridos.
Até a próxima.
Quem gostar do tema indico alguns livros:
O Universo Auto-Consciente (Amit Goswami)
Como conhecer Deus (Deepak Chopra)
A Sabedoria da Eternidade (Frank Casper)
*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.