Dr. Carlos Eduardo Guimarães

Beber cerveja faz o indivíduo ficar barrigudo?

Dr. Carlos Eduardo Guimarães*

“Sabe como é o apelido daquele cara que vem ali? Carreta. bebe pra daná e tem pneu pra todo lado”….. Esta alegoria vem acompanhando os mitos populares de que o aumento excessivo da circunferência de sua cintura (barriga!), geralmente é imputada à famosa cervejinha.
Alguns especialistas entendem que a cerveja não é tão vilã como se pensa, podendo ser até utilizada como profilático de doenças circulatórias. Em termos históricos, a cerveja era já conhecida pelos sumérios, egípcios e mesopotâmios, desde pelo menos 4 000 a.C. Como os ingredientes usados para fazer cerveja diferem de acordo com o local, as características (tipo, sabor e cor) variam amplamente de região para região.
O grande problema não é somente a cerveja mas, qualquer alimento que se ingere -depende da quantidade. Geralmente, o bebedor de cerveja (butequeiro de carteirinha) abusa na quantidade, ultrapassando a quantidade de 3 litros do líquido fermentado a cada dia. Ele começa a ingerir o líquido pela manhã e só termina quando o sol já se escondeu. Certamente o grande volume, além de dilatar o estômago, vai ser responsável por alguns quilinhos a mais e consequentemente, maior a barriga!!!
Cada 2 garrafas de cerveja, correspondem à uma quantidade de calorias (1.000 calorias), muito superior a muitos lautos almoços. A cerveja tomada com moderação não engorda e quem a consome dois copos de 150 ml ao dia, tende a beliscar menos entre as refeições, e sente menos necessidade de ingerir a “loura gelada”. Porém, se você “toma todas” poderá sofrer de obesidade e consequentemente cultivar uma barrigona!!!
A cerveja, assim como toda bebida alcoólica, eleva os níveis de triglicerídeos no sangue, e isso favorece o aparecimento da gordura visceral, isto é, aumenta a barriga. Uma outra questão a ser analisada é que, quase todos bebedores “tiram o gosto” com salgadinhos ricos em calorias. Geralmente as frituras, que são bastante danosas ao organismo e também ricas em calorias. Aqueles indivíduos que são sedentários têm um adicional à possibilidade e engordar e ficar barrigudos, é que a gordura tende a se acumular mais em locais de menor atividade muscular, como a região abdominal.
A conclusão é que o consumo excessivo de calorias, somado à falta de atividade física, é o que gera sobrepeso e obesidade, e não a cerveja em si. Apesar disso é sabido também que o consumo de álcool (incluindo a cerveja) em doses moderadas é capaz de diminuir severamente o surgimento de doenças cardíacas.
Em estudo de 1972, o epidemiologista Carl Seltzer, da Universidade de Harvard, constatou que o uso moderado do álcool pode ser agente profilático contra as doenças cardíacas. Além deste, diversos outros estudos posteriores também chegaram em conclusões parecidas, de que o consumo de até três doses diárias de bebida alcoólica é capaz de reduzir o risco de cardiopatias em até 40%. A bebida alcoólica portanto, assim como qualquer outro tipo de alimento, pode ser benéfica ou maléfica ao consumo humano, dependendo da quantidade em que é consumida.
Se você tem controle e sabe quando parar, aí vai uma boa dica: Beba com moderação. Aqueles que não têm controle e nunca sabem a hora de parar outro conselho: Entrem em algum plano de saúde que tenha na lista, um psiquiatra e cirurgião plástico.
Até a próxima

*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.