Dr. Carlos Eduardo Guimarães*
Chega o final de ano e todos temos o hábito de reunir para comemorar o desfecho de uma maratona. Todas comemorações vêm sempre acompanhadas de muita comida e muita bebida. Na hora da festa “tudo bem”, mas depois…..que ressaca!!! Puxa vida meu fígado tá detonado….
Não culpe o fígado. Aquele mal-estar estomacal e a ressaca que abatem depois de excessos nada têm a ver com ele. Vem do estômago aquela sensação desagradável de tanta indisposição. E aqueles medicamentos populares de venda livre, tidos como protetores do fígado não têm capacidade de preservar ou recuperar o órgão, como alguns pensam.
“Esses remédios não têm nada que mostre que sejam hepatoprotetores. É gastar à toa. E às vezes as pessoas bebem demais acreditando que estão protegidos. Na verdade, a maior parte dos remédios tachados como hepatoprotetores são digestivos e eles tiveram de mudar de nome depois de uma reavaliação dos laboratórios, concluída neste ano.
Substâncias hepatoprotetores “verdadeiras” são oito ?silimarina, acetilmetionina, metionina, colina, betaína, ornitina, acetilcisteína e ácidos biliares? à venda só com receita médica e indicados para situações graves, quando há risco de uma hepatite fulminante, por exemplo, associada à intoxicação por remédios ou viroses. Riscos que não existem em uma noite de bebedeira. O que faz algumas pessoas serem mais sensíveis aos efeitos do álcool são diferenças nas enzimas que metabolizam a bebida.
Como ficar livre da ressaca
“O segredo é alimentação e hidratação. Não abusar”, é o melhor remédio contra a ressaca e mal-estar. Ingerir carboidratos (derivados de farinhas e açúcares) ajuda a diminuir os sintomas da ressaca. A sensação de estar enjoado, vem da falta de glicose. O álcool diminui a capacidade do corpo de transformar os nutrientes na substância, que é um combustível para o organismo.
A bebedeira causa ainda a perda de magnésio, que também contribui para a tontura, boca seca. Por isso comer pão, arroz e feijão, que contêm a substância, pode ajudar, antes e depois. A maior parte das drogas anti-ressaca, tem analgésicos, que podem contribuir para uma melhora geral, mas podem também causar problemas se a pessoa tiver sensibilidade aos componentes da fórmula do medicamento. Outras têm cafeína, um estimulante que mascara o mal estar da ressaca, fazendo o paciente sentir “animado”.
No “tratamento” dos abusos deve-se evitar produtos efervescentes, também de venda livre nas farmácias. Em geral, esses remédios causam um alívio imediato, mas alguns contêm bicarbonato de sódio e aspirina, que podem irritar ainda mais o estômago depois da ingestão do medicamento, principalmente em pessoas com predisposição a problemas gástricos. O bicarbonato, por exemplo, dilui a gordura, mas ao mesmo tempo ataca as paredes do estômago.
Aprender a controlar a ingestão é um grande passo para evitar a ressaca e se você não consegue controlar, o melhor é não beber. Bebida e comida são dois prazeres que devem ser apreciados com moderação, caso contrário, vai valer o ditado: O homem morre pela boca.
No mais, Feliz ano novo e saiba que já que Deus fez o ser humano à sua semelhança, não decepcione o criador.
Até a próxima.
*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.