Dr. Carlos Eduardo Guimarães

Cuidado com o abuso do Café

Dr. Carlos Eduardo Guimarães*

Tem gente que se pudesse andaria com uma garrafa térmica na mão e de meia em meia hora, tomaria um cafezinho. Tomado pela manhã com leite ou puro, este hábito alimentar nos acompanha desde os primórdios. Cultivado até os dias atuais, este hábito é antigo e suspeita-se que a cafeína utilizada sob a forma de chás, seja utilizada há mais de 5000 anos, e traz consigo um tipo de dependência física e psíquica.
Em Minas Gerais, estado produtor da rubiácea, o café é cultivado em todas as regiões, principalmente nas regiões frias do sul. Enquanto na Europa e Estados Unidos as pessoas consomem apenas o café tipo “nescafé”, pois lá não existe o café em grão, aqui no Brasil o melhor café é servido de forma rotineira. A sensação estimulante faz com que muitas pessoas passem a abusar da ingestão de café e com isso consiga vencer um dia de cansaço.
A substância que traz a sensação de vigor e vigília é a cafeína.. A cafeína é um composto químico que pertence ao grupo das xantinas, é encontrada em mais de 60 tipos de plantas, tendo uma atuação bem drástica nos hormônios e substâncias ativas do cérebro. As principais plantas que contém o princípio ativo cafeína são: o chá mate (as folhas e talos), a cola (utilizada na Coca Cola, Pepsi etc.) o café (as sementes), o guaraná (os frutos) e o cacau (os frutos).
Além dos alimentos, alguns medicamentos também contém cafeína como os antigripais, por exemplo. Uma xícara média de café contém, aproximadamente, 100 miligramas de cafeína, quantidade mais que suficiente para o indivíduo acelerar o metabolismo, os batimentos cardíacos, sentir uma sensação de bem estar, aumentar levemente a pressão arterial e a ativar a atenção. Já uma xícara de chá ou um copo de certos refrigerantes contém, em média, 40 miligramas.
Por causar um sutil vasoconstrição, os médicos restringem o uso de café àqueles pacientes com risco de doença coronariana e também nos pacientes que sofrem de insônia, pela diminuição cerebral da adenosina. Um indivíduo que é acostumado ao uso da cafeína diariamente, quando se abstêm dela, geralmente terá náuseas, vômitos e dores de cabeça. Esta ação se deve pela ação estimulante no sistema nervoso central. Ao contrário, se consumida em grande quantidade a cafeína pode causar irritabilidade, ansiedade, agressividade, inquietação e insônia. Por isso, o mito de que tomar café à noite tira o sono e que acelera o metabolismo é verdadeiro.
Além desses efeitos, a cafeína, consumida moderadamente, apresenta ação antioxidante, atua no combate aos radicais livres e, conseqüentemente, diminui os riscos de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer. Outro mito sobre o uso exagerado do café é a correlação do aparecimento da osteoporose nos indivíduos consumidores da cafeína. Com relação à absorção do cálcio, dados reunidos em uma pesquisa indicam que a cafeína não é prejudicial ao metabolismo ósseo desde que a pessoa consuma uma necessidade adequada de cálcio na dieta. Mas se a pessoa não consumir cafeína em excesso e sua alimentação contemplar as necessidades de cálcio e outros nutrientes, o consumo de cafeína não será um fator determinante para o desenvolvimento de osteoporose.
Outro hábito saudável é tomar um cafezinho depois do almoço. O café é digestivo e aumenta a motilidade dos intestinos favorecendo a eliminação do excesso de gorduras e tira aquela preguiça pós-prandial. De forma geral, para aqueles que apreciam as bebidas à base de cafeína, procure não ultrapassar a quantidade de até três xícaras pequenas (chá) por dia. Sendo assim, não precisa cortar o cafezinho, o chocolate consumido esporadicamente e os chazinhos das noites frias. Mesmo assim, não ultrapasse a quantidade adequada para que sua saúde e bem-estar não sejam prejudicados.
Até a próxima.

*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.