Dr. Carlos Eduardo Guimarães*
A sociedade, que deveria ser cooperativa (segundo as pautas dos livros sacros) deixa escapar entre as aparências um misto de ódio, poder e medo.
Assistimos estupefatos, às cenas de reconstituição do crime realizado em São Paulo, onde a filha, estudante de direito, e o namorado auxiliado pelo irmão, cometeram uma verdadeira barbárie.
Este fato nos põe a pensar….. O quê teria movido aqueles jovens a tal brutalidade? Psicólogos, psiquiatras, entre frases junguianas e behavioristas foram a televisão e jornais ofertar evidências acadêmicas, que sem dúvida, mostram a frieza e o destempero dos envolvidos.
Nos dias atuais, a vida deixou de ser algo venerado para ser alvo dos matadores urbanos. Assaltantes, sequestradores, traficantes, disputam áreas de ação do crime, sem a devida ação policial e jurídica, em uma terra onde a banalidade do crime se tornou “café pequeno”. Todos querem o poder, dinheiro e a pose de supremacia, nem que para isto tenham que vender a sua alma ao diabo.
A construção de uma idéia social deveria passar pelo crivo moral antes de atingir a ideia de poder e ultraje. O Ser Humano vale pelo que tem e não pelo que é. É uma pena a humanidade caminhar rumo a idéias dominadoras de alguns ditadores que defendem a guerra como instrumento de poder, exemplo brutal da ausência de Deus.
Deles partem a violência que aparece na telinha. Infelizmente, alguns não entendem que a ética (ao invés de censura) deveria ser força construtiva em uma sociedade manipulada pelos reclames do poder econômico. Vocês não imaginam o quanto a TV, os jornais e meios de comunicação são responsáveis por mudanças comportamentais.
A inteligência humana pode ser usada tanto para o bem, como para o mal. Adolf Hitler conseguiu convencer a seu povo que eram superiores e que não deveriam aceitar a miscigenação. Ele era tido como um verdadeiro gênio, assim como Osama Bin Laden, terrorista religioso. Então, convenhamos, uma avaliação das influências psíquicas promovidas pelos meios de comunicação no comportamento, não faria mal a ninguém…. Não estou falando de cerceamento político, mas sim, não fabricar mentes doentias como a televisão faz, principalmente através dos “ridículos e pobres” filmes americanos, que semeiam violência a torto e a direito. Diria melhor… vamos lutar pela ética na telinha! Diria melhor, é preciso moralizar a mídia e os meios de comunicação que, à revelia, fazem o impossível para vender mais. Desta forma, acredito que a banalização dos crimes, ocorrerá sempre que tivermos estampados nos vídeos-games e filmes da TV, alguém esmagando alguém.
Há muito tempo atrás, via os filmes de gangues americanas, espancando professores e assassinando alunos, isto há 20 anos. Hoje vejo esta cena ser estampada nos jornais e revistas. A apologia do crime pode estar sendo gravado no subconsciente destes meninos e meninas, que acabarão achando não ter novidade nenhuma, a atitude criminal. Preocupante sim. A sociedade tem que se mobilizar e tentar resgatar os valores éticos. Chega de tanta brutalidade e vulgaridade como alimento mental.
A mudança dos tempos parece estar começando, e arriscaria acreditar no teor “moral” na vitória do Lula, vindo a ser o símbolo do resgate da ética. Até a Globo calou, desta vez… Tomara que não nos decepcione. Acreditamos que a moralização do Brasil se dará de forma ampla e irrestrita, na educação principalmente, mas depende de nós, somente de nós.
Até a próxima.
*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.