Dr. Carlos Eduardo Guimarães*
Uma das melhores coisas que ocorrem na nossa vida é uma noite de sono bem dormida. Como resultado teremos mais disposição, vitalidade e bom humor ? presentes que ganhamos quando conseguimos dormir bem. Além disso, é nesse período que a memória se consolida, o sistema imunológico se fortalece, os hormônios são fabricados.
O sono não serve apenas para descansar. É um processo ativo. Porém, ao perder horas de sono, seja durante festas ou trabalho, faz com que comprometamos a “qualidade de vida”. Basta uma noite em claro para desregular todo o organismo. A cabeça dói, a concentração é lenta e difícil, e estabelece uma comunicação visual negativa, com a “cara de quem comeu e não gostou”.
O ser humano desde os primórdios respeitava o seu relógio biológico, acompanhando a natureza e compartilhando dela. Até a invenção da luz elétrica, no final do século XIX, o sol coordenava e estabelecia o ciclo de sono. Com o advento da energia elétrica e conseqüentemente a luz artificial, houve uma grande interferência na regra da natureza. A conseqüência: alteramos a qualidade do sono e, portanto, vivemos privados do descanso normal. O sono é um dos três pilares da saúde perfeita, ao lado da boa alimentação e da atividade física. Apesar de ter este conhecimento, o ser humano, insiste em desafiar a natureza.
É recomendado que ao cair da noite a mente vá se distanciando dos problemas e que a gente permita a mente entrar em devaneios. A primeira delas chega ao anoitecer. A segunda, perto das 21 horas. E o terceiro acontece por volta das 22 horas. O ideal é que deixemos o sono acontecer naturalmente. Para quem quiser realmente antecipar a hora de deitar, deverá experimentar ficar no escuro, longe do telefone. Aproveite para conversar com a família assuntos divertidos e despreocupantes.
Luzes apagadas e silêncio (infelizmente, poucas pessoas respeitam a lei do silêncio) são fundamentais para o repouso. A melatonina, hormônio que induz ao sono, só faz efeito no escuro. Embora não exista uma regra que permita estabelecer quantas horas são necessárias para dormir, é sabido que a partir dos 40 anos, mudanças hormonais fazem com que o organismo sinta menos necessidade de dormir. Perto dos 65 anos, muitas pessoas passam a dormir no máximo quatro horas e se sentem bem.
Na verdade, a insônia é um sintoma que deve ser analisada sob três aspectos: físico, psicológico e social. De fato, as doenças podem afugentar o sono, porém o mais comum é que ansiedade e problemas familiares sejam responsáveis pelas noites maldormidas.
Algumas pessoas necessitam construir uma passagem entre a vigília e o sono. Certos rituais, como colocar um aroma agradável no quarto (casca de maçã), tomar banho quente, tomar um chá de melissa, fazer uma oração ou ler um pouco, ajudam a recuperar a calma que precede o estado de sono, aquele relaxamento prazeroso que vai chegando devagar e tomando conta da mente.
Até a próxima
PS: Vai aqui a minha satisfação de saber que os alunos do “Tancredo Neves” estão fazendo trabalhos baseados nas colunas Vivência e Medicina Natural. Parabéns à diretoria.
*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.