Dr. Carlos Eduardo Guimarães*
Desde a existência humana que os seres se preocupam com a manutenção dos cabelos em perfeitas condições de saúde e beleza. Uma ilustração desse fato é a história de Sansão e Dalila, que mostra bem como os cabelos têm relevante papel na comunicação visual. Neste conto bíblico, Sansão, teve sua virilidade e força questionadas depois que Dalila lhe cortou os cabelos. Além disso, homens de sucesso, fortes e poderosos, continuam a ser representados por meio de modelos com belos cabelos. Entretanto, não existem evidências científicas que comprovem uma relação entre calvície e virilidade. O que existe é uma menor satisfação com a imagem corporal e a convicção de que aparentam ser mais velhos. Esta questão esta inclusa em quase todas as questões comportamentais. Por outro lado, atores como Telly Savalas (Kojak) e Yull Brynner fizeram da calvície a sua marca de charme e personalidade.
Recentemente, foram escritas várias músicas alusivas aos cabelos ou mesmo à falta deles. “Olha a cabeleira do Zezé… será que ele é??? Será que ele é???? Ou… é dos carecas que elas gostam mais…. Nega do cabelo duro, qual é o pente que te penteia…. Isto mostra como os cabelos determinam o protótipo do ser humano e os relaciona com algum modelo, seja otimizado ou pejorativo. Um cabelo ondulado ou liso gera preferências afetivas e fetichistas e todos querem ser mais charmosos e interessantes, com ou sem eles. Mas, quando os cabelos começam a cair, ocorre sempre uma preocupação com este momento de mudança do visual.
Apesar da evolução no tratamento da calvície, ainda hoje existem várias questões que são controvertidas sobre o assunto. Quando se ouve falar de uma solução cirúrgica, por exemplo, muitos ainda acreditam que os resultados não compensam. A opção da maioria é arranjar um jeito próprio de conviver com o problema, utilizando-se de inúmeros artifícios, sem nunca enfrentar o problema com o apoio de um especialista. Essa é a razão pela qual muitas pessoas descuidam da higiene, porque acham que quanto mais lavam os cabelos, mais os cabelos caem. Puro mito. Quanto aos xampus antiqueda, eles são apenas coadjuvantes do tratamento, pois é impossível reverter um quadro de queda só com esses produtos. Mas eles são bons para manter o couro cabeludo estável e limpo, especialmente quando se verifica a presença de dermatite seborréica ou caspa.
A queda de cabelo nos homens não tem relação com a produção de testosterona, mas com uma sensibilidade genética a uma espécie de testosterona modificada no organismo, a dihidrotestosterona (DHT). Para aqueles que pensam que as mulheres estão livres do problema, aqui vai uma notícia não muito alentadora: Há uma perspectiva de aumento de 10% ao ano no número de casos de diminuição de cabelos em mulheres. Não podemos chamar de calvície, uma vez que este termo só se aplica a diminuição (rarefação) capilar devido a problemas genéticos. Mas é uma perda de cabelos. Entre as causas, o estilo de vida moderno: o estresse provoca no corpo alterações que levam à perda de cabelos e, mesmo que indiretamente, mudanças hormonais consequentes a esse estado podem potencializar a queda. Isso acontece porque o estresse aumenta a produção de estradiol, um hormônio que impede o crescimento dos cabelos.
Situações estressantes podem causar essa perda assim como fatos drásticos como luto, divórcio ou falência. A solução cirúrgica é indicada nos casos em que outros tratamentos não foram satisfatórios, e é realizada com anestesia local sob sedação. Segue-se a retirada de uma porção do couro cabeludo na área da nuca; os fios são separados um a um e inseridos onde há escassez. O tempo de espera para o crescimento é de dois meses. A partir daí, os cabelos crescem um centímetro a cada mês.
Como evitar a queda??? Aqui vão algumas dicas e questões sobre a calvície.
1- O cabelo pode voltar a crescer se a queda estiver relacionada ao estresse ou doenças (como quimioterapia e lúpus). Nos casos mais comuns (para homens e mulheres), quanto mais cedo for o tratamento, melhores serão os resultados.
2- Coques e rabos com o amarrado muito forte, especialmente nos casos de pessoas afro-descendentes, podem causar uma espécie de queda de cabelo denominada alopécia de tração.
3- Nada do que se faça no fio e que não interfira no couro cabeludo causará mudanças na raiz. Logo, cortar e raspar pouco influenciam.
4- Uma alimentação rica em proteínas pode melhorar a qualidade dos fios e deixar os cabelos mais fortes pois, 60% a 90% da composição capilar é aminoácido.
5- É considerado normal perder 100 fios se eles estiverem sendo repostos. Se há perda de 300 e reposição de 300, há um equilíbrio que não evolui para calvície ou rarefação capilar. Porém, se a pessoa estiver perdendo 30 e repondo 20, o balanço negativo se estabelece e a falta de cabelo começará a aparecer.
6- Chapinha e secador aquecem os cabelos e, se não aplicados corretamente, podem danificar a haste capilar. Entretanto, uma freqüência máxima compreendendo dia sim, dia não, pode ser aceita.
7- Cosméticos como tintura, gel, mousse, e produtos sem enxágue não contribuem para a queda dos cabelos. Esses produtos podem ressecar ou diminuir o brilho dos fios, mas não interferem na queda de cabelos. Saber a origem, a marca e quem é o fabricante, é importante para saber quem consultar sobre a qualidade e conteúdo dos produtos em caso de acidentes.
8- Cuidado com medicamentos orais indicados para a calvície. Na maioria das vezes eles prejudicam o fígado e podem elevar a pressão arterial, sem conseguir o principal intento: Parar com a perda capilar.
Até a próxima
*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.