Dr. Carlos Eduardo Guimarães*
Quando chega a noite, logo pensamos em um sono reparador. Aquela cama que nos abriga todas as noites, está lá à espera de sonhos bons, ou pelo menos de um descanso merecido.
Quando chego, logo abro as janelas para ventilar um pouco, e ver se a lua me convida com sua poética presença a tomar um vinho.
Nada como a sensação de mais um dia de trabalho e o sabor do dever cumprido. Nos faz pensar que a terra realmente é azul…. Entre contemplações e devaneios, ocorre a ideia que o planeta ainda tem solução. Nos alenta sobre as coisas boas que existem, e de pessoas “do bem” que seguramente detêm o título SER HUMANO. Viver em sociedade nos compenetra a dividir com as pessoas o espaço público, como praças, ruas, natureza. Apesar disso, algumas pessoas acreditam que apenas suas idéias são prevalentes ou seus desejos absolutos.
Pessoas atrevidas, assim como fantasmas, nos perseguem a todo momento, seja onde estivermos. O brasileiro, detentor da “fama” de desordeiro (vá para o exterior e comprove) acostumado à flexibilidade das leis ou da falta delas, ultraja o meio ambiente a todo momento. Seja jogando lixo nas ruas (vide as praças e avenidas de Caeté), fazendo queimadas ou poluindo o silêncio.
Pessoas sem o menor pudor, acreditam que sua falta de civilidade, pode tomar conta dos espaços públicos da cidade.
Ninguém tem direito a roubar o sossego dos moradores de uma cidade, pelo que me consta, que ainda é regido por normas… Será que as pessoas não sabem que existe (pelo menos no papel) uma lei que regulamenta as ingerências do abuso do SOM ALTO? Será que as pessoas não têm bom senso em acionar os potenciômetros das maquinetas sonoras, sabendo que vão incomodar quem acorda cedo ou mesmo pessoas que repousam para recuperar a saúde ? A falta de respeito, coisa comum no Brasil, vem de todos os lados. São festas populares, alto falantes de igrejas, ultrajantes músicas dos vizinhos, quando não aparecem aqueles “caras de pau” com aqueles porta-malas de automóveis abertos, escancarando os ouvidos alheios.
É preciso ação da comunidade, no sentido de denunciar e cobrar ações definidas das autoridades da cidade contra o abuso deste tipo de poluição. É preciso aprender que a sociedade deve ser um organismo de participação e não de agressões, pois violência é o que repudiamos. Vejam o que acontece com as pessoas sãs submetidas ao excesso de som alto, agora imagine se alguém estiver doente….
Os decibéis quando ultrapassam os limites timpânicos, atingem áreas cerebrais responsáveis pela memória e cognição. Além de alterar as ondas cerebrais e todo o córtex, o som alto provoca surdez e insônia.
Nos EUA o Laboratório de Estudo do Sono (Ohio) revelou que criminosos tinham uma grande propensão à insônia e 70% dos acidentes automobilísticos tinham relação com pessoas com algum distúrbio do sono. É preciso conscientizar principalmente os jovens, da importância do sono para o rendimento escolar e trabalho .Não só dormir cedo, como acordar cedo também. A depressão está associada na maioria das vezes com os tipos de insônia, além de pânicos e processos fóbicos. Bem, depois desses comentários, vou desejar a todos uma boa noite, com sonhos que possam levar a consciência a um local paradisíaco, onde os sons da natureza façam o ser humano entender que ele é parte do céu, e não do inferno.
Até a próxima.
*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.