Dr. Carlos Eduardo Guimarães*
Todas as noites é a mesma coisa. Após encerrar o trabalho por volta de 20 horas, ele faz 45 minutos de ginástica, e vai buscar a namorada no colégio. Quando se despede da namorada, sai à procura de algo pra fazer. Geralmente procura algum bar ou vai pra casa de algum amigo. Chegando em casa, liga o computador e navega na orla dos internautas notívagos.
Dormir? Só depois das duas da madrugada. E assim a rotina se faz neste dia-a-dia com muita balada e pouco sono. Este estilo de vida, atualmente muito comum dentro da população, com certeza está mais presente que imaginamos. Eles são conhecidos pela ciência: SONORÉTICOS.
Tudo estaria bem, se estas pessoas não precisassem chegar ao trabalho às 8 horas da manhã -o que significa acordar às 7, isto é, dormir cerca de cinco horas por noite. Na verdade, o que eles melhor fazem é engrossar as estatísticas de pessoas que exageram na privação do sono, ou seja, praticam a sonorexia, termo não oficial para definir o problema.
O que leva alguém a esse ponto, geralmente, é a sensação de não conseguir dar conta de tudo o que se quer ou precisa fazer nas 24 horas do dia. O problema pode até começar devido a uma real falta de tempo, mas tende a se tornar crônico quando a pessoa descobre que dormir menos significa aproveitar mais o tempo. Isso pode chegar a ponto de dormir apenas duas ou três horas por noite.
As baladas, os bares e os restaurantes estão lotados de ativos sonoréxicos. É verdade que cada organismo tem a sua própria quota saudável de horas dormidas e que este número varia de pessoa para pessoa. Mas a boa média é entre seis e sete horas diárias.
Ao perder mais da metade desse tempo, o sonoréxico priva áreas-chave do seu cérebro de processos importantes, que só ocorrem enquanto dormimos. A rotina de dormir menos pode comprometer, por exemplo, a capacidade de julgamento sobre coisas simples podendo gerar confusão até em saber virar à esquerda ou à direita. Algumas conseqüências da privação de sono são conhecidas e fáceis de perceber, como a sonolência diurna e reflexos menos rápidos e imprecisos.
Os efeitos podem ser ainda mais danosos no cérebro das crianças, especialmente quando estão em fase de estudo e aprendizado. As micro-lesões cerebrais que se criam a partir da privação de sono num cérebro em formação são irreversíveis, comprometem o aprendizado e o futuro da pessoa. À medida que se recupera o tempo perdido de sono, os efeitos e sintomas tendem a diminuir, mas nunca todo o prejuízo será compensado.
Prejuízo Para a Saúde
Antes de justificar o “roubo” das suas horas de sono é importante saber: A sonorexia diminui a produção do hormônio de crescimento. A queda na produção do hormônio do crescimento pela privação do sono abala o organismo. Este hormônio é responsável pelo tônus muscular, evita o acúmulo de gordura, melhora o desempenho físico e combate a osteoporose.
Outro vilão é a leptina, substância que responde pela sensação de saciedade ou parar a compulsão alimentar, também tem a sua produção diminuída com a rotina de dormir menos. Isso nos faz ingerir mais carboidratos e engordar. A falta de sono eleva o cortisol, hormônio do estresse que aumenta as taxas de açúcar no sangue.
Resultado: o estudo mostrou que homens que dormiram quatro horas por noite durante uma semana apresentaram pré-diabetes. Viram como dormir é importante?. Aproveitem as dicas e bom sono.
Até a próxima.
*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.