Dr. Carlos Eduardo Guimarães*
A bebida alcoólica tem sido um dos maiores causadores de problemas de saúde pública mundial (principalmente nos países ocidentais) devido as lesões orgânicas e mudanças comportamentais.
Beber, passou a ser um fato consagrado e obrigatório em qualquer evento social, principalmente por ser um “anestésico” e ansiolítico capaz de quebrar o gelo de pessoas inibidas e causar sensação de euforia em pessoas deprimidas.
Assim a sociedade vai sublimando o sofrimento e os problemas cotidianos, dançando sua desritmada existência ao som do “tim-tim” dos copos alcoólicos. Mas, afinal de contas, porque a bebida alcoólica vem sendo permitida em uma sociedade que recrimina o uso de drogas, sendo o álcool uma das piores??? Vocês sabiam que o alcoolismo pode levar o indivíduo a problemas psiquiátricos, degeneração do sistema nervoso, assim como insuficiência cardíaca e impotência sexual? Mesmo assim o consumo de álcool aumenta a cada dia, provavelmente devido ao poder de anestesia aplicada ao grau de ansiedade e tensão ao qual somos submetidos em um mundo cada vez mais competitivo e exigente.
O alcoolista geralmente é complacente e indiferente aos problemas de saúde, mas quando se trata de alteração do comportamento sexual, ele procura ajuda. Quais os tipos de alterações sexuais ocorrem no paciente alcoolista e quais são suas conseqüências? O álcool é um agente ansiolítico potente e este efeito parece ser amplamente mediado por sua ação de liberação de endorfinas e neurotransmissores que promovem a excitação do sistema nervoso.
O álcool quando ingerido em grandes quantidades é neurotóxico devido ao metabolismo do acetaldeído e depressor do sistema nervoso central. Existe uma relação muito realista entre a depressão mental e o álcool. Uma pesquisa realizada na Universidade de Oxford detectou a relação de pacientes deprimidos e o uso do álcool, assim como o álcool sendo agente da depressão.
Em uma primeira fase o álcool estimula e na segunda deprime. O estímulo sexual aparece alterado neste caso, já que a pessoa perde a motivação libidinosa. O torpor alcoólico, anula a libido do indivíduo, ficando a pessoa indiferente diante desta situação.
Por outro lado o alcoolismo em grande escala muda a percepção da pessoa, criando uma realidade paranóide. No homem, este indivíduo duvidaria da própria masculinidade e então beberia ? assim a bebida levaria à impotência e a reação à impotência seria o ciúme. Desta forma a impotência e o ciúme patológico às vezes também são vagamente incluídos sob o item geral de “paranóia alcoólica”. Uma das piores conseqüências, seria o furor e a violência sexual desta percepção alterada. Com muita freqüência a bebida parece responsável pela desinibição e liberação de comportamentos violentos e sexualmente agressivos. É muito comum a história de um homem que sai do bar. segue alguém, estupra e mata.
O álcool em pequenas doses tem um efeito estimulante e ansiolítico que é benéfico, além de propiciar a circulação sanguínea, podendo neste caso auxiliar nos processos de inibição da ereção e medo do relacionamento sexual. Há de se diferenciar o bebedor compulsivo daquele que sabe degustar uma boa bebida.
De qualquer forma, devemos estar atento aos malefícios do alcoolismo. Uma relação sexual sem interferências de drogas leva o ser humano ao conhecimento de sua essência, livre de fantasias e delírios. Precisamos compreender que alcoolismo é uma doença que deve ser tratada, e de forma ampla. Existem medicamentos, terapias naturais e verbais além de instituições bem estruturadas, como os alcoólicos anônimos.
Criar consciência sobre a realidade, é conhecer a si próprio, motivando cada vez mais o crescimento pessoal, e enfrentando de frente os problemas do cotidiano.
Até a próxima
*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.