Dr. Carlos Eduardo Guimarães*
Quanto mais sexo ela pratica, mais quer praticar de forma insaciável. Esta poderá ser uma descrição de alguém que teve experiência sexual com uma ninfomaníaca.
O significado de ninfomaníaca ainda se encontra em confrontos de várias escolas científicas, mas uma coisa é certa: Sempre vem um sentimento de vazio e de algo incompleto entre as partes envolvidas na sexualidade. As bases da medicina orientais sempre observaram o cliente como um todo, ou seja, mente e corpo estão sempre conectados nos problemas de saúde.
A palavra ninfomania vem da combinação de duas palavras de origem grega: mania significa loucura ou frenesi e ninfo, uma entidade mitológica feminina que povoava as florestas do mundo greco-romano sempre em busca do sexo. Também a imperatriz romana Messalina, esposa de Claudius I, foi um padrão desta forma de sexualidade, pois dela se dizia ter, além de um harém de escravos sexuais, o costume de se disfarçar e sair pela noite à procura de sexo pelas tavernas e ruas da Roma. No século XVIII as ninfomaníacas eram mulheres que falavam suavemente e balançavam seus corpos sensualmente de maneira que exprimiam seus sentimentos libidinosos.
Naquela época criou-se uma teoria denunciadora da alteração: A mulher ter o clitóris comprido. Chegaram a teorizar que o clitóris aumentado revelava doenças da personalidade. No entanto, outra preocupação dos médicos era também de cunho moral. Afinal de contas, numa época de costumes e tradições muito rígidos, a ninfomania era uma ameaça às famílias tradicionais No meio do século, os ginecologistas começaram a usar o especulo (aparelho de fazer exame) para realizar exames ginecológicos mais meticulosos, mas causou uma série de embaraços, pois muitos moralistas achavam o cúmulo do absurdo inserir no cérvix vaginal um aparelho, mesmo tendo finalidade médica.
Estes protestaram dizendo que isso era invasão nos corpos das mulheres. Um mais radical chegou a dizer que o uso do espéculo poderia despertar as paixões doentias, levando à ninfomania. Foi então que os ginecologistas tomaram drásticas medidas. Passaram a associar a doença e suas queixas, a distúrbios nos órgãos reprodutores. Uma nova “cura” radical surgiu: A remoção dos ovários e a clitoridectomia (remoção do clitóris). Desde essa época, a medicina tem se mostrado invasiva e radical. Diferentemente, a cultura oriental sempre observou o cliente como um todo, ou seja, mente, corpo e meio ambiente estão sempre se relacionando junto aos problemas de saúde. Desta forma, a medicina tradicional oriental observa que estes pacientes possuem um desgaste muito grande da essência ou energia vital. Sabe-se que para ocorrer uma conjunção carnal satisfatória, tanto a mulher quanto o homem tem que ter uma energia “calor” em quantidades adequadas. É só perceber o vocabulário popular que vamos entender.
O termo frigidez revela o caráter frio, sem calor, sem emoção. Já o termo “quente na cama” revela uma expansão bem temperada, assim como ocorre com o fogo. Na representação cromática, o vermelho (fogo) possui poder intrínseco de excitação e a cor azul (frio) tranqüilidade. A cor vermelha, outrora usada nas lâmpadas das zonas boemias, dava um tom de “inferninho”, excitando, impelia as pessoas para a prática sexual. Já a cor azul ou tons claros, são usados em casas de repouso para clamar o descanso e a contemplação. De onde vem este calor que eclode a pulsão sexual? Vem dos alimentos, dos conflitos emocionais, do clima e também da herança genética. O certo é que a medicina tradicional é muito mais conclusiva e melhor fundamentada. A ninfomaníaca tem um caráter “fogo” muito evidente dentro de si, assim possui uma proporção menor de água ou energia fria pra contrabalançar. Quando a mulher possui um padrão de calor interno muito intenso, certamente vai se exceder sexualmente.
O caráter comum nas mulheres é um elemento frio equilibrando o calor (yin/yang) e esta harmonia faz com que haja um equilíbrio sexual. Estas mulheres ninfomaníacas, serão sempre calorentas, apresentando associadas as doenças do calor como: Hipertensão arterial, eczemas cutâneos, sudorese profusa e quando em menopausa apresentam fogachos medonhos. O tratamento como não poderia deixar de ser, requer alimentos frios, muito líquido e ervas medicinais reparadores da essência. Estes são casos que quando tratados pela ótica da medicina natural, apresentam respostas muito animadoras e com a vantagem de não utilizar antidepressivos ou tranquilizantes, que na grande maioria das vezes, só intoxicam o paciente.
Até a próxima.
*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.