Dr. Carlos Eduardo Guimarães*
A principal fonte de energia que nosso organismo necessita, vem do ar que respiramos. O organismo consegue ficar muitos dias privado do consumo de água ou mesmo sem se nutrir de alimentos sólidos, mas não pode sobreviver se ficar sem respirar por alguns poucos minutos.
A cultura oriental traz ensinamentos milenares que chamam uma especial atenção para os exercícios respiratórios. Em dezembro de 2008, cientistas da universidade de Colônia (Alemanha) fizeram uma pesquisa com pacientes portadores de Diabetes Mellitus acompanhado com pacientes com Depressão mental. Realizaram uma pesquisa para avaliar a rapidez da recuperação destes pacientes.
Inicialmente separaram os mesmos em dois grupos: Um grupo de pacientes com diabetes de difícil controle, que padeciam concomitantemente de depressão recebeu um protocolo de uma rotina diária contendo exercícios respiratórios (pranayama) além dos medicamentos que eram indicados para o tratamento químico habitual e o outro grupo de pacientes diabéticos deprimidos que não foram submetidos aos exercícios respiratórios (pranayama), mas mantiveram o uso dos medicamentos anti-depressivos e hipoglicemiantes. Após a observação que durou 30 dias, notaram que o grupo que realizou o “pranayama” se recuperou muito mais rapidamente que o grupo que não realizou os exercícios respiratórios.
O resultado chamou a atenção do mundo científico, já que os cientistas ficaram surpresos com a recuperação do grupo que fez os exercícios respiratórios. O que acontece quando fazemos exercícios respiratórios? Quando respiramos pausadamente e com a técnica adequada, nossa mente se aquieta e tranquiliza. Todo o organismo entra em sintonia com as incursões respiratórias, inclusive as ondas cerebrais. Quando a mente se tranquiliza libera menos cortisol e adrenalina, reduzindo drasticamente as reações de oxirredução. O organismo libera menos escórias e ácidos provenientes do estresse. Além disso, o pulmão e o coração trabalham sincronicamente.
Você sabia que para cada ciclo respiratório, o coração bate quatro vezes? Pois é, se respirarmos rapidamente, o coração também acelera e com isso consome mais energia e oxigênio. Um bom exemplo é o indivíduo estressado que respira mais rápido e com isso provoca uma aceleração do ritmo cardíaco tornando o coração “disparado”, e desta forma se torna mais vulnerável a problemas cardíacos.
Segundo a sabedoria oriental, o pulmão é o principal centro mobilizador de energia do organismo. Durante a consulta, esta energia se revela através da força da voz. Uma voz forte e poderosa mostra uma energia equilibrada, já uma voz fraca e rouca mostra uma debilidade energética. Assim as pessoas mais idosas, e os doentes crônicos vão tendo sua voz modificada devido à perda da energia vital.
Os Yogues (praticantes da Yoga) são contemplados com a revitalização e a harmonização mental devido à muita dinacharya (filosofia e prática do exercícios e condutas diariamente), dos quais incluem os exercícios respiratórios. A mente se torna tranquila e o corpo energizado. Por essa razão, a prática da respiração, do relaxamento profundo e da meditação correta são muito importantes para tranquilizar a mente e com isso todas as funções circulatórias e metabólicas são beneficiadas. A cura acontece primeiro em um nível mental, depois em um nível físico.
Curar, muitas vezes quer dizer “curar a sua realidade”. Uma mente desajustada cria medos sem fundamentos, estados emocionais aflitivos e ansiedade. O homem é aquilo que pensa, e o corpo é o espelho da alma. Tenho recomendado rotineiramente em meu consultório aos clientes, a prática do pranayama, e tenho colhido resultados surpreendentes. É muito simples e fácil. Quando a pessoa pára e contempla que viver é se observar e procurar entrar em sintonia com a natureza, esta pessoa percebe a preciosidade do ar que respiramos.
Com apenas 10 minutos de meditação e exercícios respiratórios realizados diariamente, pode-se melhorar significativamente a saúde e deixar mais flexíveis os conflitos. Experimentem que vale a pena.
Até a próxima.
*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.