Dr. Carlos Eduardo Guimarães

O mundo é dos idosos

Dr. Carlos Eduardo Guimarães*

O planeta todo está com os cabelos brancos. A cada descoberta de algum medicamento ou método para melhorar a saúde, a população amplia o time da terceira idade. Aqui, segundo dados do IBGE, o número de brasileiros com idade acima de 80 anos, que em 2000 era 1,8 milhão, aumentou e deve chegar a 13,7 milhões em 2050.
Por isso temos ( e teremos ) cada vez mais problemas com o reajuste das aposentadorias, que se esgotavam lá pelos 50 anos, há 40 anos atrás. Apesar do rótulo de terceiro mundo, é no Brasil que pode ter vivido o ser humano mais velho de que se tem notícia: a ex-escrava Maria do Carmo Jerônimo, moradora de Itajubá, interior de Minas Gerais, que morreu em 2000, aos 129 anos!
Com o avanço das técnicas de saneamento básico, a tecnologia na produção de alimentos, a vacinação, entre outras evoluções e descobertas médica, já é possível para as crianças nascidas na era dos computadores, viverem bem mais do que seus avós. Além disso, os idosos estão se organizando em verdadeiras plêiades: Viajam, dançam e casam em pleno vigor da idade. O emocional é outro aspecto positivo. Acabando o estigma do imprestável, o idoso parte para conquistar uma fatia deste planeta tão agitado pelos jovens.
Apesar de todos avanços na área as saúde, o corpo ainda ressente o trauma do tempo. A cabeça dos idosos rejuvenesceu, mas o corpo, mesmo com todos os aditivos e vitaminas, continua sendo alvo das mesmas reações bioquímicas naturais que, gradativamente por volta dos 30 anos, começam a desgastar as células e gerar perdas funcionais até levar o indivíduo à morte. Resultado: cresceram os casos de doenças características da velhice, como câncer de próstata e Alzheimer, antes consideradas raras – uma vez que ninguém conseguia viver o suficiente para manifestá-las.
Um grande alento é o resultado de estudos realizados na Inglaterra (Baltimore) que revela uma pesquisa realizada com grupos de pessoas centenárias. Neste trabalho científico, 25% da longevidade dependem da qualidade e funcionamento da carga genética ou seja, aquilo que nossos antepassados deixaram como marca em nossas vidas, e são independentes da nossa vontade. Os outros 75%, no entanto, recai sobre o estilo de vida e, portanto, está em nossas mãos.
Prova viva disso é a declaração do presidente do Clube da Idade Perfeita, em BH, que esta semana fez 100 anos, comemorados em grande estilo e com uma saúde que considera excelente, ele não cansa de dar a mesma resposta quando perguntam sobre seu segredo de vitalidade: “Eu me alimento de maneira saudável, caminho todos os dias, durmo o suficiente, tomo umas cervejinhas de vez em quando com os amigos, faço o bem e mantenho o bom humor”. A atitude desta conquista está em nossas mãos e são de nossa responsabilidade. Vejamos alguns deles:
Reduza as calorias: Uma equipe de pesquisadores americanos examinou o fígado de ratos e identificou que este órgão passou funcionar de forma diferente à medida que os animais envelheciam. Ao mudar a alimentação das cobaias, no entanto, eles conseguiram barrar esses desgastes em camundongos tratados com pouco alimento – estes viveram 40% mais do que os superalimentados.
Saia do sedentarismo: A partir dessa atitude, você emagrece, aumenta a força muscular, melhora a capacidade respiratória e, conseqüentemente, previne ou controla diversas doenças.
Afaste o estresse: Quem vive tenso produz mais radicais livres, substâncias tóxicas responsáveis pela maioria dos sinais de envelhecimento, incluindo catarata, cabelo grisalho, pele seca, rugas e alguns tipos de câncer.
Mantenha o otimismo: O escritor francês Honoré de Balzac já dizia que “o homem começa a morrer na idade em que perde o entusiasmo”. Pesquisa recente realizada pela Universidade do Texas (EUA), , demonstrou haver uma forte ligação entre emoções positivas e o estado de saúde. Após sete anos de avaliações, constatou-se que os idosos mais otimistas tinham uma probabilidade menor de desenvolver problemas físicos, como exaustão e falta de força ou velocidade para caminhar.
Exercite o cérebro: Vale ler, estudar, escrever, aprender um idioma, navegar pela Internet, dançar, cuidar de plantas e até cozinhar. O risco de um idoso ativo desenvolver diversos tipos de demência, entre elas o mal de Alzheimer, é duas vezes menor em comparação com os velhinhos mais apáticos.
Se você quiser assistir a copa do mundo de 2030, ver os netos do Ronaldinho fazerem gols, é só seguir estes conselhos….
Até a próxima.

*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.