Dr. Carlos Eduardo Guimarães

O perigo pode estar na cozinha

Dr. Carlos Eduardo Guimarães*

Diz um velho ditado – o “homem morre pela boca”-. Essa alegoria pode se referir às palavras proferidas, como também aos hábitos alimentares nocivos à saúde. Dessa forma, temos que ficar atentos ao que falamos e também às facilidades que o mundo moderno oferece em termos de alimentação. A maioria dos alimentos produzidos em série tem em sua constituição conservantes, juntamente com um grande número de outros agentes tóxicos.
Um problema essencial se refere aos vasilhames que acondicionam as comidas. Os vasilhames de plástico têm em sua estrutura, vários resíduos perigosos. Um dos mais nocivos agentes presentes nos alimentos são as dioxinas; um organoclorado altamente tóxico que pode provocar o aparecimento de tumores e, em mulheres grávidas, a malformação fetal. Um dos tipos de câncer que aparece como mais frequência nas pessoas intoxicadas, é o carcinoma de mama. Estas substâncias são subprodutos de processos de fabricação industrial de materiais plásticos nos quais o cloro e produtos químicos deles derivados, são produzidos, utilizados e eliminados.
A eliminação de resíduos industriais de dioxina para o meio-ambiente pode ser disseminada e transportada a longas distâncias por correntes atmosféricas, pelas correntes dos rios e dos mares, poluindo e se fixando na natureza. O grande problema de sua presença na meio-ambiente deve-se à dificuldade em se degradar podendo levar anos e, até mesmo séculos para incorporarem ao bioma. A exposição humana às dioxinas provém quase que exclusivamente da ingestão alimentar, especialmente de carne, peixes e laticínios.
Mais preocupantes ainda são dados de estudos recentes que mostram que as concentrações de dioxinas presentes no tecido humano estão próximas dos níveis intoxicantes, os quais produzem efeitos sobre a saúde, podendo ocorrer de forma drástica. Na cozinha podemos encontrar um grande número de disseminadores de dioxinas. Alguns restaurantes de fast food que utilizam “marmitex” de isopor, já eliminaram o uso dessas embalagens, pelo risco de intoxicação. Outros procedimentos que exigem cuidados serão citados abaixo:
-Atenção: não use recipiente de plástico (com alimentos) para aquecimento no forno de microondas (o plástico libera dioxina).
-Não congele bebidas em garrafa plástica (o plástico libera dioxina).
-Não use cobertura de plástico (filme de PVC) em vasilhames que irão ao forno de microondas.
-A combinação de gordura e calor alto libera a dioxina do recipiente de plástico (que serve de utensílio), impregnando os alimentos e consequentemente, o organismo.
-Remova a comida instantânea (sopas, pipocas, macarrão) da embalagem e prepare em outro recipiente.
Altas temperaturas fazem com que as toxinas venenosas se desprendam das vasilhas e, gotejem sobre a comida. Prefira cobrir os alimentos com um prato de vidro ou cerâmica refratária.
Uma última dica, ressaltando um velho ditado: “conselho e canja de galinha não fazem mal a ninguém”, mas cuidado onde irá cozinhar a canja.
Até a próxima.

*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.