Dr. Carlos Eduardo Guimarães*
No passado, a regra básica da boa alimentação era escolher ingredientes que suprissem as necessidades diárias de nutrientes. Com a evolução da Nutrição, essa prática se aprimorou e, hoje, além de ser nutritiva, a dieta deve ser funcional, isto é, rica em alimentos cujos componentes influenciam determinadas funções orgânicas.
O notável desempenho dos probióticos já tinha sido descrito pelos gregos no século II a.C. Naquela época, imaginava-se que o consumo de iogurte eliminavam as bactérias potencialmente patogênicas que vivem no intestino. Entre os alimentos funcionais, os probióticos — termo que significa “a favor da vida” — chamam a atenção dos nutrólogos. Os próbióticos são definidos como micro-organismos vivos (bactérias ou fungos), eles equilibram a flora intestinal, potencializando o sistema imunológico. A introdução desses micro-organismos nas dietas tem a finalidade de melhorar a saúde, pois eles garantem a produção de proteínas e a melhora da absorção dos alimentos, no intestino grosso.
Há anos tem se sido estudado o uso dos probióticos e existem vários tipos deles, mas os mais utilizados são os lactobacilos (bacilos veiculados aos laticínios) e as bifidobactérias (bactérias que existem na luz do intestino). Eles auxiliam na digestão da lactose (açúcar presente no leite), reduzem a constipação e a diarréia infantil e do viajante, previnem a salmonela, aliviando também a síndrome do intestino irritável. Além do mais, estimulam o sistema imunológico, a produção de vitamina B, inibem a multiplicação de agentes causadores da doença, reduzem a concentração de amônia e colesterol no sangue, bem como ajudam no restabelecimento da flora, após uso de antibióticos.
A consequência para o organismo é o reforço dos mecanismos naturais de defesa. Quanto maior a resistência gastrintestinal aos agentes causadores de doenças (patógenos), e quanto maior for a redução desses agentes por meio dos compostos antimicrobianos, maior será a promoção da digestão da lactose, o alívio da constipação, a absorção de minerais e também a produção de vitaminas.
Diminuir o risco de câncer de cólon e de doenças cardiovasculares são alguns dos resultados de estudos científicos preliminares que justificam o entusiasmo pelos probióticos. Na prevenção do câncer, uma recente pesquisa dirigida por Ingrid Wollowski, publicada pelo The American Journal of Clinical Nutrition, revelou que esses micro-organismos parecem neutralizar as mutações genéticas estimuladas pelos tumores.
Outras investigações reconheceram o mérito dos probióticos na melhora da saúde urogenital das mulheres e nos níveis sanguíneos de lipídeos, além do controle da pressão sanguínea. As ações dos probióticos vão muito além. A principal função desses alimentos é diminuir reações alérgicas e doenças inflamatórias intestinais. Se administrados na época correta, os probióticos podem diminuir o pH intestinal, estimular a produção de antibióticos naturais pelo organismo e melhorar a barreira intestinal, impedindo a passagem de bactérias do intestino para o sangue. Laticínios como leites fermentados e iogurtes são as principais fontes desses micro-organismos, mas alguns suplementos nutricionais são com eles enriquecidos. É importante ler a bula desses produtos para se certificar sobre a presença de probióticos e, em caso positivo, saber quais deles estão disponíveis.
A maioria dos suplementos é enriquecida com probióticos, substâncias que estimulam o crescimento de bactérias potencialmente benéficas ao organismo, um verdadeiro combustível das bactérias boas. Para garantir efeitos contínuos no organismo, os probióticos devem ser ingeridos diariamente. No entanto, as doses benéficas para a saúde devem corresponder a pelo menos 10 milhões de bactérias dos grupos bifidobactérias ou lactobacilos. Contudo, muitos produtos não possuem a dose ou as cepas das bactérias adequadas. Produtos derivados da soja têm se revelado veículos apropriados de culturas probióticas.
Apesar do aumento da disponibilidade e do fácil acesso a esses alimentos, o seu consumo não deve ser indiscriminado, pois cada gênero atua de forma distinta. Entre os idosos, o uso contínuo de probióticos garante menos chance de infecções, mas se elas se instalarem, a recuperação é mais rápida. Tipos de alimentos probióticos existentes no comércio: Yakult, Actívia, Chamyto, além do Yogurt que poderá ser feito em casa.
Até a próxima
*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.