Dr. Carlos Eduardo Guimarães

O Rico e o Pobre

Dr. Carlos Eduardo Guimarães*

Nestes dias atuais, o ser humano inserido nesta “tal globalização”, vem aumentado sua carga de trabalho e correndo atrás da realização pessoal. Até aí, tudo bem. Só que a grande maioria das pessoas passam ser reféns da volúpia econômica e se entregam desesperadamente ao mundo material, como se fosse a tábua de salvação.
Dentro da sobrevivência, o aspecto material é necessário, já que são imprescindíveis a alimentação, moradia, gastos com educação etc… Visto desta forma, achamos que o trabalho cumpre sua função de suprir a manutenção. Em contrapartida, encontramos uma grande parte da população que vive em decorrência da busca obsessiva do SUCESSO, pagando com a saúde e recebendo em troca a depressão e estresse.
Será que estamos perdendo o sentido essencial da vida, que é a felicidade? Sempre achei que “o dinheiro deve ser usado para nos ajudar a dormir e não para nos tirar nosso sono”. Ilustrando bem esta ideia, transcrevo abaixo uma parábola, que mostra o lado simples da vida com grande sabedoria.

Leia e conclua:
Um homem muito rico, em férias numa praia em uma região deserta, dialoga com um nativo absorvido na apreciação do mar na proa de seu modesto barquinho de pesca. Conversando com o peixeiro, ouviu que ele trabalhava na pescaria só o bastante para atender às necessidades imediatas da família, então, o milionário mostrou-se curioso. “E o que você faz com o resto de seu tempo?” -perguntou ao peixeiro. O peixeiro respondeu: “Durmo bastante, pesco um pouco, brinco com os meus filhos, tiro uma soneca com a minha mulher e vou todas as noites à aldeia, onde bebo um pouco de vinho e toco violão com os amigos”. Tanta falta de tino comercial incomodou o empreendedor, que resolveu ser direto: “Sou formado em administração de empresas nos Estados Unidos. Como você sabe, lá tudo dá lucro. Desta forma poderia ajudá-lo dando-lhe alguns conselhos…. Mude sua vida para melhor! Você deveria passar mais tempo pescando e, com o lucro, comprar um barco maior. Com o dinheiro ganho com o novo barco, poderia comprar muitos outros. No fim teria uma frota de barcos pesqueiros! Em vez de vender pescado a um intermediário, venderia diretamente a uma indústria processadora e, depois de algum tempo, poderia ter a sua própria indústria. Passaria a controlar o produto, o processamento e a distribuição. E aí precisaria deixar esta pequena aldeia e mudar-se para uma grande cidade, de onde dirigiria sua empresa em expansão”. O pescador, então, indagou: “Senhor, quanto tempo isso levaria?” “Uns 20 anos”, foi a resposta . – E depois disso, dotô? O empresário riu e disse que essa era a melhor parte. “Depois de ganhar muito dinheiro, você se aposentaria. Mudaria para uma praia tranquila, onde poderia dormir até tarde, pescar um pouco, brincar com os seus netos e tiraria uma soneca com a sua esposa e todas as noites poderia ir à aldeia para tomar vinho e tocar violão com os amigos”. Surpreso, o pobre homem só pôde dizer: “Mas, Dotô… pra que mudá minha vida, se é isso o que eu faço todo dia???
Até a próxima

*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.