Dr. Carlos Eduardo Guimarães*
Sabe daqueles dias que você acorda mal humorado e nem sabe por quê? Tem pessoas que abrem a janela, olham pro céu e exclamam: Que dia triste! Será mesmo que existem dias tristes ou é a gente que percebe dessa forma devido a alterações de nossas emoções?
Em determinadas épocas do ano, sentimos que nosso organismo muda e com ele, nossos sentimentos. Tem gente que detesta inverno. Isto vem mostrar que as pessoas percebem de forma diferente a vida. O que faria um indivíduo usar bermuda e camiseta e no mesmo lugar aparecer outra pessoa vestindo blusa e cachecol? É a evidência que pessoas apresentam quantidades diferentes de hormônios, já que estes são responsáveis pela liberação de energia em nosso organismo.
Diante disto, vamos encontrar muitas pessoas, em grau maior ou menor, com alterações do sono, apetite, energia e humor ligados às estações do ano. Algumas apresentam mudanças que incomodam, mas que não chegam a justificar a procura de um médico. Outras sofrem da Depressão Sazonal (aquela que aparece no inverno), cujos sintomas podem precisar tratamento.
Em 1987, a Associação Psiquiátrica Americana reconheceu pela primeira vez a Depressão Sazonal como uma forma própria da depressão que aparece em determinadas épocas do ano. Geralmente aparecem naquelas pessoas que dormem por mais horas por dia no inverno, mas mesmo assim se sentem cansadas e tem dificuldade acordar de manhã.
Apresentam aumento de apetite, mudanças na energia e motivação e dificuldade de concentração, execução de tarefas de rotina, fadiga, isolamento social e diminuição do impulso sexual. Acompanham também mudanças no humor: irritabilidade, apatia, auto-estima em declínio, tristeza e em casos extremos, idéias suicidas. Em outras, maior intensidade da TPM, acordam cedo demais pela manhã, ou insônia e intranquilidade.
A casuística aponta aproximadamente quatro mulheres para cada homem acometido pela depressão sazonal. Maior incidência entre os 20 e 40 anos, mas pode ocorrer em todas as idades, inclusive em crianças. Parece existir predisposição genética. Pessoas com familiares que sofram de depressão tem maior probabilidade de sofrer de depressão sazonal. Todas as raças e profissões são acometidas, sem distinção.
A causa mais provável dessa depressão que ocorre nos meses mais escuros parece estar ligada aos seguintes fatores: A Melatonina é um hormônio que regula o sono, é produzida no escuro enquanto a Serotonina atinge nível seu pico de produção quando a pessoa é exposta à luz brilhante. Sabemos que a Serotonina é um neuro-hormônio que dá à pessoa uma sensação de bem estar.
Mas não é só no inverno que ocorre a depressão sazonal. Pode ocorrer em pessoas que possam os dias em escritórios fechados, sem janelas, e com luzes menos claras, em pessoas fechadas em casa devido a doenças, limitações físicas, etc.
Tratamento: Desde que a falta de luz é a causa do problema, os pacientes são tratados com exposição à luz brilhante por curtos períodos durante o dia. A luz precisa ser muito clara e sem radiação ultravioleta. Então, o tratamento alternativo é a Fototerapia.
Se não tiver luz solar, o paciente se senta de frente para uma luminária. Não precisa olhar diretamente para a luz, mas precisa ficar como olhos abertos, de modo que luz ilumine os dois olhos por mais ou menos 30 minutos pela manhã. Por exemplo, lendo jornal ou tomando café da manhã.
O efeito da luz acontece através dos olhos e não da pele. O tratamento parece ser mais eficaz se administrado pela manhã, mas pode ser dividido em duas sessões, pela manhã e à tarde. Por isso, quando ouvirmos alguém dizer que “luz é vida”, vamos balançar a cabeça e completar: “luz é vida com alegria”.
Enquanto isso… o Brasil, um dos países mais iluminados pelo Sol, tem um povo alegre, descontraído, que mesmo vivendo nublado na política, continua rindo… rindo… e nem sabe porquê….. Até a próxima.
*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.