Dr. Carlos Eduardo Guimarães*
Quando os níveis de hormônios femininos produzidos pelos ovários caem, devido o avançar da idade, aparecem sintomas característicos que denominamos menopausa. Este período, que muitas vezes traz um incômodo calor em “fogachos”, carrega sintomas de alteração emocional e física.
O declínio hormonal neste caso se faz de forma radical e abrupta, causando uma grande síndrome de abstinência hormonal. Podem crescer pêlos na face e uma discreta masculinização ou virilização, como queiram. Sorte têm os homens, que não passam por estes incômodos, exatamente porque a queda dos hormônios sexuais se fazem de forma gradual, diferentemente da mulher.
Será mesmo que os homens não sentem a queda dos hormônios sexuais? Bem, nem tanto quanto as mulheres, os homens podem passar por momentos de instabilidade hormonal, na chegada dos 40 anos. A testosterona nesta fase cai de 1% a 2% ao ano, trazendo uma deficiência significativa quando o homem atinge os 70 anos. Essa deficiência seria mais pronunciada nos homens com tendência a obesidade e aqueles que vivem sob pressão emocional. Este processo é conhecido por ANDROPAUSA. Nem tão pronunciada como a menopausa, a andropausa pode passar despercebida em alguns homens, mas pode ser evidente em outros.
Queda da potência sexual, perda de massa muscular, descalcificação óssea e alterações do humor caracterizam a fase de declínio hormonal. Nestes casos a administração de testosterona poderia reverter o quadro, assim como a progesterona e estrogênio na menopausa.
Concluindo que o hormônio é produzido pelos testículos, os cientistas aderiram a ideia de fazer extratos de testículo para suprir a deficiência do mesmo. A matéria prima foi o testículo do macaco, que mostrou certa eficácia. Posteriormente Voronoff, um cirurgião argelino do início do século passado fez uma medicação extraída de macerado de testículo de bode e injetou em pacientes crédulos em resgatar a potência sexual. O cientista ficou rico, muito rico, mas quase exterminou todo rebanho de caprinos.
Nos tempos atuais a ciência pesquisou compostos derivados de testosterona e incorporou em cremes cutâneos, injeções e comprimidos, conseguindo resultados bastante animadores. Melhora do humor, aumento da massa muscular e da pulsão libidinosa foram constatados. Os anabolizantes, usados por alguns fisioculturistas (cultuam o corpo), são muitas vezes derivados do hormônio testosterona, movimentando bilhões de dólares nos Estados Unidos devido ao gosto de modelar o físico e, muitas vezes, lesar a mente….
Mas existem cientistas que conseguiram enxergar mais além, acreditando ser a andropausa uma consequência do modo de vida realizado pelo paciente. Obesidade, hipertensão arterial, estilo de vida, influências climáticas, hábitos alimentares e, por fim, o sempre presente estresse.
Uma situação intrigante advém das experimentações um tanto quanto exóticas, devido ao fato de hormônios de animais serem usados em seres humanos. Já imaginaram os gostos sexuais do bode passarem para os homens? Aí vem uma citação de Lor Weslinpinkle : Dentro de cada homem existe a inquietude do macaco, a astúcia de uma cobra e a pureza de uma pomba…. Agora eu completaria… E a sexualidade de um bode.
Até a próxima.
*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.