Dr. Carlos Eduardo Guimarães*
Parece comum, pode-se entender até como hereditário, mas aquela barriguinha curtida através das comilanças, bebedeiras e sedentarismo poderá ser considerada uma verdadeira “bomba” amarrada pelos cinturões
Além de ser anti-estético, a obesidade abdominal é perigosa porque está ligada ao desenvolvimento de vários fatores de risco ao coração, como níveis de colesterol, resistência à insulina, diabetes, síndrome metabólica, hipertensão e trombose.
Mas a principal ameaça à saúde não é a gordura subcutânea e sim a localizada ao redor dos principais órgãos do corpo, também chamada de adiposidade intra-abdominal. Ela afeta o metabolismo da glicose, podendo causar níveis anormais de colesterol e triglicérides.
Quem pensa em eliminar a barriga por meio de lipoaspiração, para ficar livre dos riscos, pode desistir da ideia. Trata-se de gordura intra-abdominal, aquela que envolve os órgãos e a lipoaspiração não é capaz de remover a gordura dos órgãos.
A distribuição de gordura no corpo se faz em locais diferentes em cada pessoa. Geralmente são descritos dois padrões para esse acúmulo: forma de maçã (a gordura fica acumulada no abdome) e forma de pêra (caracterizada pela deposição de gordura nos quadris).
Os indivíduos do tipo “maçã” apresentam predominantemente maior risco de desenvolver problema cardiovascular, AVC e diabetes. Isso se deve às diferenças na atividade metabólica da gordura depositada no interior do abdome em relação à acumulada no tecido subcutâneo.
O aumento da circunferência também está associado com um risco aumentado de doença cardiovascular. Afinal, peso extra significa que o coração tem de trabalhar mais duramente para enviar sangue ao corpo, o que eleva consideravelmente o perigo de doenças cardíacas e derrames cerebrais.
Tratando a obesidade abdominal, ela é responsável por 35% dos casos de infarto. Para se ter ideia, a medida da circunferência abdominal (feita com uma simples fita métrica) é considerada hoje pelos especialistas uma indicação precisa do risco de contrair doenças. Trata-se de uma ferramenta efetiva para identificar indivíduos sob risco cardiovascular. Muitas pessoas que são magras e apresentam obesidade abdominal, estão correndo tanto risco quando os obesos – o que significa que pertencem ao grupo de risco de problemas cardiovasculares. E apesar dos avanços terapêuticos, a doença cardiovascular permanece como a principal causa de morte no planeta.
Os distúrbios cardíacos ou o acidente vascular cerebral (AVC) são responsáveis a cada ano por 17 milhões de mortes, ou seja, um terço dos óbitos no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a previsão até 2010 é de que a doença cardíaca será a principal causa de óbito nos países desenvolvidos.
Um outro fator que contribui para a epidemia da doença cardiovascular é a prevalência de diabetes – que até o ano de 2025, de acordo com a Federação Internacional de Diabetes, deve aumentar cerca de 72%.
Outro cuidado a ser observado, é em relativo às mulheres que ganham acúmulo de gordura abdominal depois que o estrogênio entra em declínio, durante a menopausa. Já nos homens, a gordura tende a se acumular desde sempre na cintura, antecipando os riscos para eles. O tratamento da “barriguinha” consiste em emagrecer. Não existe perda de tecido somente na barriga. O paciente terá que emagrecer como um todo, e depois cultivar, junto a um profissional competente, exercícios para fortalecer a musculatura abdominal.
A mudança de hábitos é o primeiro passo para esta conquista. Antes de tudo, a consciência de uma mudança terá que ser fortalecida. Em uma sociedade em que a aparência tem influência em tudo, vale a pena entrar no time dos malhados e sarados. O coração irá agradecer…
Até a próxima.
*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.