Dr. Carlos Eduardo Guimarães*
O tema aquecimento global ocupa o primeiro lugar nas manchetes dos jornais de todo o mundo. O Brasil, como sempre com governos irresponsáveis, aparece na figura do Ministro Hélio Costa, que apresentou uma proposta de informatizar e conseqüentemente, levar a internet até as tribos indígenas.
Sem preocupar com o mal que a tal GLOBALIZAÇÃO tem causado às culturas mundiais, onde o grande interesse dos países do primeiro mundo é empurrar tecnologia e depois escravizar o usuário, os governantes mais uma vez vão atrapalhar a vida sábia e equilibrada dos índios em seus territórios, que agora terão que amargar a extinção de sua cultura, através da introdução da internet nas tribos indígenas.
A quantidade de suicídios ocorrida nas tribos indígenas, revela a depressão e indignação destes seres humanos, que além do roubo de seu espaço pelos madeireiros e grileiros, não têm paz para viver em seus redutos. Um bom exemplo é a China que após ter ficado isolada milhares de anos do ocidente, apresenta riquezas culturais que ficaram guardadas a sete chaves, ou mesmo atrás da grande muralha, que impediram as invasões à sua cultura e conseqüentemente à suas riquezas.
Entender o que passa na cabeça dos nossos políticos, é uma grande incógnita, principalmente no Brasil, que vendo o planeta começar a derreter, ainda falam em castigar os índios com a divulsão de sua cultura e sabedoria. Saiba que todos os cientistas com suas teorias relativistas e atômicas, buscaram nos livros antigos, inspiração para suas descobertas. Pegaram o conhecido e deram roupagem nova ao que foi dito. Assim foram elaboradas várias cartilhas de engenharia, física e química.
A sabedoria milenar é pura e não carrega marcas políticas, por isso traz a essência do saber como produto do conhecimento. Apesar de todo este sentimento de fim do mundo, a sabedoria tradicional e as práticas das comunidades indígenas podem ajudar a frear o aquecimento global e a perda da diversidade biológica. O que chama a atenção da provável extinção do planeta, e que os índios já sabiam, é exatamente o ritmo alarmante e sem precedentes da extinção de plantas e animais provocada pelo mundo industrial e poluente. O papel que as primitivas comunidades indígenas podem ter no combate a esse processo é mais importante que qualquer medida tomada pelos colonizadores americanos.
A mata atlântica, possuía em sua biodiversidade 35% das espécies de plantas medicinais do Brasil. O que resta de mata atlântica é apenas uma amostra dela, pois as culturas extrativistas deram cabo da mata nativa. Basta observar em Caeté o que restou da mata atlântica. É necessário que a comunidade internacional tome consciência das enormes contribuições que podem representar os conhecimentos e métodos dos indígenas na preservação da biodiversidade.
O conhecimento tradicional e as práticas dos indígenas e das comunidades isoladas são inseparáveis de sua cultura, estrutura social e econômica, seus modos de vida, suas crenças e seus sistemas de saúde. Enquanto o ser humano detona as florestas tropicais, principalmente no Brasil, onde a ?corrupção continua solta?, o ministro Hélio Costa quer levar a internet até as tribos indígenas para adulterar mais ainda sua cultura, com a esfarrapada conversa de levar desenvolvimento até as tribos, que sempre foram felizes e capazes de sobreviver, sem este ?maldito? desenvolvimento que escraviza e põe em risco toda a história da humanidade.
Até a próxima
*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.