Dr. Carlos Eduardo Guimarães

Os riscos do bronzeamento artificial

Dr. Carlos Eduardo Guimarães*

Quem não gostaria de ficar com um tom bronzeado durante o inverno ou mesmo em situações onde o sol não aparece? Hoje em dia existem várias formas de ficar com aquele “tom tropical” sem precisar ficar esturricando debaixo de um sol, nem sempre piedoso.
Uma dessas maneiras é através do bronzeamento artificial conseguido através das cabines de ultravioleta, oferecido em muitas clínicas de estética. Seja lá qual for o motivo, a verdade é que, desde que chegaram ao Brasil, os artistas e pessoas da sociedade passaram a divulgar a origem da nova cor, e esse sistema virou mania. Além do mais, o bronzeamento artificial não descasca e não oferece o risco de queimaduras. Mas será que este tipo de aplicação é inocente?
Os dermatologistas chamam atenção para os riscos do envelhecimento precoce e até câncer de pele advindos da exposição aos raios ultravioletas. Segundo os médicos, os raios ultravioletas emitidos por essas camas e cabines podem provocar câncer e aceleram o envelhecimento das células. Mas é bom lembrar que as pessoas que tem propensão a ter câncer correm risco até mesmo, tomando sol nas praias ou em qualquer lugar.
As camas de bronzeamento artificial têm uma estrutura de acrílico transparente por onde passam as luzes vindas de uma série de lâmpadas. Normalmente são classificadas de alta, mista e de baixa pressão, com lâmpadas especiais que geram 98% de luz ultravioleta A e 2% de ultravioleta B. Já está comprovado que os raios ultravioletas tipo A, naturais ou não, também têm potencial carcinogênico, ou seja, podem provocar câncer. Os efeitos nocivos dos raios ultravioletas A e B (UVA e UVB) não são visíveis imediatamente, porém, os danos da irradiação são cumulativos e podem dar os primeiros sinais após 10 anos ou mais.
Por outro lado, não se deve esquecer do lado bom do ultravioleta que é importante na formação da vitamina D – responsável pela fixação de cálcio nos ossos. Existem tratamentos para vitiligo e outras discromias da pele, que utilizam câmaras de luz ultravioleta que emitem a irradiação ultravioleta B (não provoca câncer de pele). Estas câmaras são diferentes daquelas usadas no bronzeamento artificial.
Se mesmo assim você resolver ignorar os riscos relatados e fazer o bronzeamento, cuidado com alguns efeitos colaterais que podem acontecer. Para evitá-los observe as recomendações abaixo:
1- Alguns medicamentos podem sensibilizar a pele quando ela entra em contato com a luz ultravioleta.- Quem está usando regularmente algum remédio precisa saber exatamente (pergunte ao médico) se esse é o caso. O ideal é submeter-se a apenas uma sessão por dia de raios ultravioletas e dar um descanso para pele de 48 horas para a próxima exposição.
2- Caso apareça alguma alergia, inflamação ou bolha, a exposição deve ser suspensa e o médico comunicado imediatamente.
3- Para que a pele não fique manchada, ninguém deve receber o ultravioleta usando bijuterias, maquiagem e perfume.
4- É fundamental que as pessoas usem protetores oculares nas sessões para que a córnea não corra o risco de queimar.
5- Os usuários de lentes de contato devem retirá-las. Caso contrário, por causa do calor, elas podem estragar ou irritar os olhos.
6- É preciso ainda proteger os mamilos.
7- Pessoas que fizeram peeling ou utilizam cremes ou loções esfoliantes também ficam proibidos de entrar em camas ou cabines de bronzeamento artificial.
8- Adolescentes e grávidas devem evitar este tipo de bronzeamento. Além disso, as pessoas devem beber, no mínimo, 2 litros de água por dia, ter uma boa alimentação, rica em beta-caroteno, encontrado na cenoura, beterraba e abóbora.
Ao final de cada sessão, você fica cada vez mais bonita, com aquela pele brilhante e sedutora, mas atenção… se aparecer algumas “manchinhas” escuras na pele, não exite, procure logo um médico pois, pode ser câncer de pele.
Até a próxima.

*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.