Dr. Carlos Eduardo Guimarães

Os venenos que colocamos em nossa mesa

Dr. Carlos Eduardo Guimarães*

“Fazei de vosso alimento, vosso remédio” (Hipócrates 400 a.C).
Hoje em dia se Hipócrates estivesse entre nós, ele teria uma grande decepção, visto que os alimentos que ingerimos diariamente são carregados de resíduos nocivos à saúde, desde conservantes permitidos por lei até os agrotóxicos.
O ser humano durante sua existência vem contrariando várias teorias Darwinianas e de outros estudiosos da evolução humana, através da adaptação alimentar que utiliza aditivos químicos para melhorar as produções agrícolas.
Aquela hortinha no fundo do quintal e as galinhas que ciscavam livremente entre as plantas não são mais comuns como antigamente. A industrialização alimentar passou a ser uma realidade na rotina da alimentação atual que, na falta de tempo para tudo, busca aceleradamente as resoluções de sua vida com a praticidade.
Sabemos que a fome assola o planeta em proporções assustadoras. Muitos países não têm o privilégio que o Brasil possui, que é ter um clima maravilhoso durante todo o ano e ter recursos hidrominerais em abundância. Mesmo assim se fala em fome neste país. Apesar destas discrepâncias sociais, pouco a pouco estamos nos deparando com uma ótima opção alimentar: Os produtos orgânicos.
Percorrer o supermercado e deparar com os alimentos orgânicos deixou de ser uma ocorrência exótica. Eles estão nas mais diversas prateleiras e não se restringem mais às frutas, legumes e verduras. Vão da simples alface da saladinha às carnes, bebidas, sem deixar de lado os industrializados, como açúcar e o achocolatado.
Estudos já indicam que esses alimentos ganham em valor nutricional em relação aos convencionais.
Mas o que são os orgânicos exatamente?
Nada mais que o resultado de um sistema de produção agrícola que maneja o solo e os recursos naturais de forma equilibrada, mantendo a harmonia desses elementos entre si e com os seres humanos.
A harmonia do ambiente faz com que as plantas apresentem um metabolismo mais resistente a pragas e doenças. Hormônios e anabolizantes para engordar e acelerar o crescimento dos animais são totalmente renegados na agropecuária orgânica. Até a caminho dos supermercados e feiras, os orgânicos são separados dos outros alimentos para não terem contato nenhum com qualquer tipo de substância artificial.

Benefícios dos orgânicos
Os orgânicos possuem cargas extras principalmente dos minerais. Eles apresentam em média, 63% a mais de cálcio; 73% a mais de ferro; 118% a mais de magnésio; 178% a mais de molibdênio; 91% a mais de fósforo; 125% a mais de potássio e 60% a mais de zinco. Ovos da galinha caipira, criadas de acordo com os métodos da agropecuária orgânica, possuem cerca de quatro vezes mais vitamina A que os de granja. Entretanto, ainda não há certeza se esse tipo de cultivo dá mesmo origem a alimentos mais potentes na prevenção e tratamento de doenças.
Parte-se do princípio que, sem agrotóxicos nem pesticidas, a planta cria mecanismos próprios de defesa. Isso, então, estimularia a produção de vitaminas e fitoquímicos com ação antioxidante, como os flavonóides e o licopeno, que previnem certos tipos de câncer.

Orgânicos fiscalizados
Os critérios para produção dos orgânicos são tão rígidos que há empresas habilitadas a conferir o certificado de qualidade ao produtor. Ou seja, quando for comprar um alimento orgânico, observe se ele estampa na sua embalagem um selo de inspeção.
É a prova de que as técnicas de agricultura orgânica foram analisadas e aprovadas por órgãos especializados. O próprio mercado começou a exigir produtos mais saudáveis, seguros e limpos e que obedecessem aos princípios ambientais.
Ser ecologicamente correto não passa somente pela defesa do ar, solo, plantas, mas principalmente dos alimentos sem impurezas que ingerimos diariamente e que nos garantem a saúde física e mental.
Até a próxima.

*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.