Dr. Carlos Eduardo Guimarães*
Amigo(a) leitor(a), me perdoe por fazer esse desabafo. Hoje eu gostaria que você prestasse atenção nessa notícia: o Brasil é um dos países mais atrasados em educação no mundo, segundo divulgação recente na imprensa.
Em uma lista de 57 países, feita pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, nosso país tem um dos piores níveis em Ciências para estudantes de 15 anos. O Brasil fica à frente (pasmem!) apenas da Colômbia, Tunísia, Azerbaijão, Catar e Quirguistão, países que muitos de nós nem sabemos onde fica e nunca ouvimos falar.
O estudo testou as habilidades de mais de 400 mil estudantes em 57 países que, juntos, correspondem a cerca de 90% da economia mundial. Os estudantes da Finlândia ficaram em primeiro lugar, seguidos pelos de Hong Kong (na China) e do Canadá. Esses países constroem o futuro com os investimentos adequados na educação e garantem uma sociedade organizada. A pesquisa, baseada em testes realizados em 2006, é o principal instrumento de comparação internacional do desempenho entre estudantes do ensino médio.
Agora eu pergunto: você acredita em algum país que não prepara bem sua juventude? Ninguém acredita, nem mesmo os xenófobos. Enquanto a gente engole essa derrota, o Brasil desenvolve-se a passos de tartaruga e aparece vergonhosamente entre os primeiros da lista dos países mais corruptos. A propósito, a preocupação atual de alguns políticos é com a realização da copa do mundo no Brasil em 2014. Milhões de reais serão investidos em campos de futebol, uma ação de retorno duvidoso, em um país que precisa melhorar, e muito, a infra-estrutura das universidades e escolas públicas.
Ficamos comovidos e entristecidos com essas notícias que revelam o Brasil como um país sem futuro. O nosso presente está às avessas da cidadania. Estamos estupefatos com a falta de garantia e com o ultraje que um país com a riqueza e grandeza do Brasil sofre dia-a-dia. Estamos indignados com a violência de assaltos e sequestros, o que na maioria das vezes representa a indigência cultural de um país pouco preocupado com investimento na formação de seu povo. Não cansamos de ler, ver e ouvir nos jornais que a guerra civil campeia nas grandes metrópoles brasileiras e mata nas trincheiras urbanas mais pessoas que nos conflitos na faixa de Gaza.
A história que aprendemos em nossas vidas assinala os erros e os acertos, pois é o maior indicador do sucesso e dos equívocos da humanidade. Se buscarmos exemplos no passado, descobriremos países que foram destruídos por guerras e catástrofes e que conseguiram transformar-se em grandes potências econômicas. O Japão, a Coréia e a China, entre outros, viram-se detonados e conseguiram soerguer através de altos investimos na educação. Sabendo disso, o que esperar da saúde física e mental do povo brasileiro se o governo, além de investir pouco na saúde, ignora a educação como principal pilar de qualquer revolução social?
A violência assola o Brasil, ocupa lugares pobres e incultos e amedronta qualquer brasileiro que tenta usar a liberdade como prêmio pelo desate da colonização portuguesa no século XIX. Nosso país precisa de educadores e de escolas fortes.
Vejam o resultado do descaso dos governantes: o sucateamento das escolas públicas, os salários aviltantes dos professores e uma política educacional sem investimentos adequados, resultados que qualificam os indicadores precisos da nossa violência social. A violência a que estamos submetidos pode ser vista na nossa ignorância e no nosso mutismo intelectual. Enquanto isso, os políticos ficam discutindo se o exército deve ocupar as ruas com seus tanques e canhões para garantir liberdade aos cidadãos ou se constroem mais presídios e abrigos para menores infratores.
Todos de bom senso diriam sem titubear: Governantes do Brasil, construam escolas dignas e teremos a chance de resolver mais rapidamente as equações da desigualdade social e da violência urbana.
Até a próxima.
*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.