Dr. Carlos Eduardo Guimarães*
Às vezes nos sentimos tristes e sorumbáticos sem encontrar uma explicação plausível. Estes estados emocionais são explicados pela ciência como uma falta de conexão entre os neurotransmissores cerebrais. Estes neurotransmissores advém da alimentação e do ar que respiramos.
Ingredientes vindos do prato são capazes de modular a fabricação de neurotransmissores. Para que você se sinta feliz, disposto e tranqüilo, é fundamental que os neurotransmissores desempenhem bem o seu papel e estejam em níveis adequados no cérebro.
São três os principais envolvidos com o bom humor: serotonina, dopamina e noradrenalina. Pois bem, a serotonina é um neurotransmissor que é derivado de uma substância chamada triptofano, e pode ser encontrado em vários alimentos como: Grão-de-bico, a ervilha e os feijões. Peixes, ovos, leite e seus derivados também são fornecedores do triptofano. Dietas recheadas com essas opções garantem serotonina. Portanto, se faltam fontes de triptofano no prato, abrem-se brechas para que o dia-a-dia seja cinza, sem a menor graça. Já a dupla dopamina e noradrenalina, que controla as suas reações a estímulos de conteúdo emocional, tem uma relação estreita com o aminoácido chamado ?tirosina?, que responde pela flexibilidade dos sorrisos e as caras feias dos outros no cotidiano.
Outra questão, alimentos ricos em carboidrato promovem aumento nas taxas de insulina, essa elevação, por sua vez, está por trás de uma maior captação dos aminoácidos que competem com o triptofano para entrar no cérebro. Assim, se a pessoa come pouco doce ou carboidratos, o triptofano ganha mais espaço para entrar no cérebro, o que só colabora para a produção e a atividade da serotonina. O recado é investir no grupo dos cereais integrais, que oferecem pitadas extras de cromo, mineral que aparece em estudos como outro aliado da ?disposição?. As doses de vitaminas B também precisam estar em dia para quem não pretende viver ranzinza. Nessa família vitaminada, o maior destaque vai para o ácido fólico, que aparece em vegetais como os brócolis, o cogumelo, o tomate e a rúcula. Na mesma família está a B6, que cada vez mais surpreende os estudiosos por sua atuação no cérebro. Ela é essencial para o aproveitamento dos carboidratos e na condução dos impulsos nervosos. O milho e a banana são ótimas fontes.
Outro integrante do complexo B merece destaque: a B12. Sua deficiência está relacionada com a depressão, e estudos mostram que a reposição é capaz de reverter esse quadro. Para finalizar há a vitamina B1. Chamado de tiamina, o nutriente aparece no pistache e no caju e é essencial na síntese de neurotransmissores relacionados ao bem-estar, além de participar da conversão de glicose em energia. Quando está em falta, sobra nervosismo. Também não podem ficar de fora do prato àqueles minerais que comprovadamente deixam qualquer ranzinza mais manso. Muita gente não vai levar a sério o que vem a seguir, mas acredite, beliscar sementes de abóbora é uma forma de combater o mau humor. É que elas são campeãs em magnésio, substância de grande importância para o aproveitamento da energia, que enche as células cerebrais de vigor e fornecem pitadas de potássio, outro nutriente que contribui para afastar a fadiga.
Se você não é lá muito fã do petisco, saiba que o magnésio aparece aos montes na família das oleaginosas, isto é, em amêndoas, nozes, amendoins e castanhas. Não fosse pouco, essas gostosuras oferecem o cobre, que apesar de pouco conhecido tem funções pra lá de nobres, entre as quais a formação das moléculas de ATP, o combustível celular. Também se une a enzimas responsáveis pelo transporte de ferro. Por essa razão, quando o nutriente está em falta, lá vem a apatia. Além dos já mencionados magnésio e cobre, elas são campeãs em selênio, especialmente a castanha-do-brasil, que antigamente a gente chamava de castanha-do-pará. Vários estudos demonstram que a deficiência de selênio tende a ser mais comum em pessoas em “baixo astral”. Então, depois dessas dicas, procure se alimentar adequadamente e verá que nem só de comida vive o homem, mas principalmente do conhecimento que devemos ter sobre ela.
Até a próxima
*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.