Dr. Carlos Eduardo Guimarães*
Quem nunca ouviu dizer que cigarro faz mal à saúde de quem fuma? Mas, alguém sabe que aquela fumaça pulverizada pelas baforadas invade o ambiente e polui as inocentes almas ao redor?
Pois é, são descritos mais de quatro mil componentes químicos que resultam do processamento e combustão do tabaco, todos eles maléficos à saúde. Eles se espalham no ambiente por meio da fumaça emitida a cada tragada ou à simples queima do cigarro acesso. O pior fica por conta de quem está por perto. Quem gostaria de ser exposto à fumaça que desprende da chaminé de uma fábrica? Ninguém em sã consciência. Mas o inalante da fumaça do cigarro muitas vezes não tem escapatória porque o fumante pode estar ali do lado, até mesmo na cama, no sofá, no restaurante.
O fumante passivo ou ambiental geralmente enfrenta a situação com alguma dose de impotência, mas precisa ficar alerta para os resultados de expor-se às conseqüências de um vício que é do outro. Levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta a área doméstica como a maior fonte de fumaça passiva. Em segundo aparecem os ambientes profissionais e de lazer. As conseqüências afetam não-fumantes, em diferentes escalas, nas três situações.
Também segundo a OMS, o tabagismo passivo constitui-se na terceira maior causa de morte evitável no mundo. É na infância que mora o maior perigo da inalação passiva de fumaça. Quando a mulher fumante engravida, o risco inicia-se intra-útero. O bebê pode nascer prematuramente e com baixo peso. Na primeira infância (período que compreende de um a cinco anos), surge uma série de infecções respiratórias que lotam os pronto-socorros pediátricos.
As crianças cujas mães fumam são naturalmente candidatas a sofrerem mais episódios de otites, faringites, laringites, sinusites e traqueobronquites. Essas crianças são obrigadas, ao conviverem com pai ou mãe, ou ambos, fumantes, a aspirar continuamente partículas altamente danosas ao aparelho respiratório e a outros órgãos.
No ambiente do trabalho e em transporte coletivo o não-fumante provavelmente terá mais chance de estar a salvo da fumaça emitida pelo cigarro alheio, mas dificilmente estará livre em casa ou restaurantes e, portanto, da fumaça expelida pelos tabagistas.
Cabe a nós a conscientização de que devam existir áreas destinadas aos tabagistas em todos ambientes de reunião coletiva. Outra questão é orientar os fumantes para que fumem apenas nas áreas destinadas a eles, pois assim, estaremos minimizando os efeitos nocivos da poluição ambiental. Por último, a tentativa de fazer com que este(a)s fumantes deixem o vício que prejudica a todos.
Hoje em dia, existem tratamentos contra o tabagismo através do uso da acupuntura e homeopatia. Estes tratamentos funcionam muito bem, mas primeiro tem que haver a disposição e enfrentamento por parte do(a) tabagista. Sem este quesito, não adianta tentar… não tem jeito, nem com reza brava…
Até a próxima.
*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.