Dr. Carlos Eduardo Guimarães*
Antigamente, nem tão longe assim, tínhamos espalhados por todas as redondezas, casas onde o grande apelo era uma luz de cor vermelha na sala de espera. De longe se avistava a luz vermelha. Em Belo Horizonte, me lembro bem, a avenida Pedro II era um local de muitas “casas da luz vermelha”. Estas casas eram nada mais, nada menos que as famosas Zonas boêmias ou Prostíbulos. Mas por que tem a luz vermelha sempre foi relacionada ao prostíbulo?
Segundo as tradicionais medicinas, a cor vermelha ativa a circulação, excita e libera hormônios sexuais. Nos idos de 80, o médico francês, Dr. Paul Nogier, mostrou que pacientes com quadros dolorosos quando em contato com a cor vermelha, pioravam sensivelmente a dor. Já com a cor azul ocorria o contrário. Azul é uma cor que acalma, faz a pessoa sentir menos dor e é uma cor que quebra a excitação. Nas antigas ?zonas? se houvessem lâmpadas azuis ao invés de vermelhas, com certeza iriam espantar a freguesia. Por isso as cores podem ser indicativas dos sentimentos que a pessoa está vivenciando. Uma cor fria (azul) relaxa e tranquiliza, já uma cor quente (vermelho) agita e expande.
Embora o efeito do vermelho possa ser fruto de uma sociedade que faz conexões entre a cor e temas relacionados a sexo, há também algo de científico nesta afirmação, vindo de raízes biológicas primitivas. E assim quando abrimos a janela do quarto pela manhã e nos deparamos com um dia ensolarado, logo cresce dentro de nós um sentimento de expansão. No calor ninguém consegue ficar quieto. É o tipo de clima alegre e festivo, mas também mostra estatisticamente um maior índice de criminalidade. Já no inverno, a sensação é de ?dia triste?, que nos leva à introspecção e ao recolhimento. Dessa forma vamos aprendendo com os conhecimentos milenares como entender melhor nossa relação com o mundo.
Avalizando esta retórica, um estudo divulgado nos EUA mostrou que homens acham as mulheres mais atraentes quando trajadas com roupas vermelhas. A pesquisa confirma o forte apelo da cor vermelha como chamariz do sexo masculino. Cientistas comprovam que, considerando as similaridades genéticas entre seres humanos e outros primatas, existem espécies do sexo masculino que se sentem especialmente atraídas por fêmeas se elas de alguma forma exibem a cor vermelha.
Seria uma mera coincidência ou este fato tem um fundamento científico? Fêmeas de chipanzés, por exemplo, apresentam a cor vermelha aos machos quando estão se aproximando da ovulação, o que para eles é uma ação irresistível. Essa poderia ser umas das respostas biologicamente comprovadas para justificar o vermelho como uma dica de sedução e atração deixada por nossos ancestrais. Veja abaixo como foi feito outra pesquisa:
O estudo envolveu mais de cem homens, que tiveram que responder após a analise de fotos de diferentes mulheres qual era a mais bonita, qual eles gostariam de beijar e qual delas eles levariam para uma noite de amor. Uma das fotos analisadas era a de uma mulher que tinha ao redor de sua imagem bordas de diferentes cores. Na primeira, a margem era de cor vermelha, depois branca, cinza e verde. Apesar da foto e da modelo terem sido a mesma, a opinião foi quase unânime ao se afirmar que a moça era muito mais sexy e atraente quando cercada pela margem vermelha.
Em um outro momento do experimento, eles receberam fotografias que foram tiradas de uma mesma mulher de forma idêntica, mudando apenas a cor da blusa. Além de avaliar as fotografias, os voluntários teriam que se imaginar em um encontro com a moça em questão, no qual dispunham de US$ 100. Eles deveriam dizer o quanto estavam dispostos a gastar com ela naquela ocasião.
Não houve dúvida que a disposição era de se gastar muito mais quando a mulher usava a cor vermelha. Você ainda duvida? Pois bem, existem mais coisas entre o céu e a terra do que imaginamos, mas se você prestar atenção e observar as pessoas que vivem ao seu redor, verifique se têm alguém que vive vestindo de vermelho e quando te olha fica com os olhos brilhantes…poderá ser um bom sinal…e quem saberá é você!
Até a próxima.
*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.