Dr. Carlos Eduardo Guimarães*
Uma das queixas mais comuns durante as consultas médica é a dificuldade que algumas pessoas têm de conciliar o sono de forma natural. Muitas vezes a queixa se refere a um sono não reparador, no qual a pessoa dorme e acorda várias vezes durante a noite. Existem outras pessoas dormem e acordam de madrugada e não conseguem mais dormir. Outras não conseguem dormir hora nenhuma.
Todas estas queixas se referem à insônia. Insônia não implica somente na condição das pessoas não dormirem durante a noite, mas abrange também aqueles que acordam muitas vezes ou acordam e não conseguem mais dormir. Tudo é classificado como insônia. A qualidade de um sono reparador está diretamente ligada à profundidade do sono. Um sono profundo descansa a mente e o corpo, diferentemente do sono superficial, cheio de sonhos e pesadelos que levam o indivíduo a ter o dia seguinte com cansaço, falta de energia, dificuldade de concentração e irritabilidade.
Os tipos básicos de insônia podem ser classificadas como transiente (curto-prazo), intermitente (vem e vai), e crônica (constante). Insônia que dura desde uma noite até algumas semanas é classificada como transiente. Caso os episódios de insônia ocorram de tempos em tempos, classifica-se como intermitente. A insônia é considerada crônica se ocorre na maioria das noites e dura mais de um mês.
O que causa a insônia? Certas condições parecem tornar indivíduos mais susceptíveis à insônia. Exemplos destas condições incluem: Idade avançada, histórico de depressão, estresse, ansiedade, uso de alguns medicamentos, ambiente barulhento e alimentação inadequada. Insônia crônica é mais complexa e de tratamento mais acurado, e geralmente resulta de uma combinação de fatores, incluindo os decorrentes de desordens físicas ou mentais.
Uma das causas mais comuns de insônia crônica é a depressão. Outras causas incluem artrite, doença nos rins, problema no coração, asma, apnéia, narcolepsia (sonolência diurna), síndrome das pernas inquietas, mal de Parkinson, distúrbios psiquiátricos e hipertireoidismo. Porém, a insônia crônica pode também ser devida a fatores de estilo de vida, incluindo o uso indiscriminado de cafeína, álcool e outras substâncias; estresse crônico; e ciclos quebrados de sono/despertar como por exemplo em conseqüência de trabalho noturno ou em turnos.
Adicionalmente, os comportamentos a seguir têm mostrado perpetuar a insônia em algumas pessoas que são: Expectativa e preocupação de ter dificuldade para dormir. Ingestão de quantidade excessiva de cafeína. Beber álcool antes do horário de dormir. Fumar cigarro antes do horário de dormir. Soneca excessiva de manhã ou de tarde.
Qual o melhor tratamento para insônia? A insônia transiente e intermitente podem não requerer tratamento específico, uma vez que os episódios duram apenas alguns dias. Por exemplo, se a insônia for decorrente de mudanças de horários como conseqüência de ?viagens para lugares longínquos?, o relógio biológico da pessoa geralmente tende a voltar ao normal por si mesmo. Porém, para algumas pessoas que vivenciam sonolência durante o dia e têm performance afetada como resultado de insônia transiente, a utilização de chás calmantes (como a camomila, capim limão, erva cidreira, suco de maracujá, etc..), acompanhado de uma dieta adequada (sem frituras, estimulantes como a cafeína e refeições gordurosas) poderá melhorar o sono. Os medicamentos deverão ser utilizados em último caso, com indicação médica, pois além de induzir o sono ma forma artificial, ele tem efeitos colaterais perigosos.
Um dos recursos naturais de bom resultado é a acupuntura realizada em sessões semanais. A adição de fitoterápicos (medicamentos de plantas) e uma dieta livre de substâncias excitantes e estimulantes também são fundamentais. Outras atividades que podem ajudar são as massagens, as atividades físicas matinais e as sessões de relaxamento (encontradas em psicoterapias e na Yoga). Quando a insônia advém de algum processo patológico como o hipertireoidismo, torna-se imperativo o tratamento da doença com medicamentos apropriados. O importante é em um primeiro momento, lembrar que poderemos ter uma reconciliação do sono, sem precisar de intoxicar o organismo com sedativos e hipnóticos que muitas vezes viciam e requerem doses cada vez mais altas.
Lembre-se: Dormir mal tem consequências graves, por isso devemos buscar sempre um sono reparador e reconstituinte, na maioria das vezes conseguidos com medidas simples e naturais.
Até a próxima
*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.