O caderno Ciências e Saúde, em edição especial, traz um alerta da maior gravidade, que merece a nossa atenção: um bilhão de pessoas, hoje em todo o mundo, estão sofrendo com o problema de escassez de água.
Daqui a cinco anos este número atingirá mais de 5,5 bilhões. São previsões catastróficas, mas fundamentadas em bases científicas bastante sólidas.
A causa do problema reside na má distribuição hídrica e no aumento populacional. Diante desses graves prognósticos, é fácil prever a ocorrência de graves conflitos pela água em diversas partes do mundo. A despeito do quadro desalentador, ainda é cedo para o despertar de uma consciência internacional para a necessidade urgente da racionalização dos recursos hídricos.
Nos últimos 20 anos, há uma discussão em todo o mundo sobre saídas e políticas para evitar ou pelo menos minimizar o perigo de uma crise global de água. A Conferência Internacional sobre água realizada em 1992, em Dublin, Capital da Irlanda, definiu os princípios do gerenciamento sustentável da água.
No documento final do encontro, prevaleceu a visão da água como recurso finito, vulnerável, essencial e bem econômico. Ficou acertado que o gerenciamento dos recursos hídricos deve mobilizar usuários, planejadores e encarregados de elaboração de políticas relacionadas ao tema em diversos níveis.
Desde então, as orientações de conferências internacionais sobre água têm sido seguidas por vários países, inclusive o Brasil. Devido a problemas específicos e a pressão externa, o país decidiu adotar um modelo de gestão de recursos hídricos parecido com o utilizado na França: o Parlamento das Águas.
Trata-se de um sistema que divide, em bases geográficas, o território brasileiro em unidades e bacias hidrográficas, administradas por comitês formados por governos, entidades representativas da sociedade civil e usuário. O ideal é que cada comitê de bacia hidrográfica planeje e procure recursos para a execução de suas propostas.
Chega a ser irônico o fato de o Brasil possuidor da maior reserva mundial de recursos hídricos do mundo, estar sob ameaça do chamado “Apagão da Água”. O Brasil sofre, e poderá sofrer ainda mais, com o problema da falta de água, além da má distribuição natural dos recursos hídricos o que sobra na Região Amazônica, falta no Nordeste. Há ainda fatores causados pelo homem: poluição dos mananciais, assoreamento dos rios e o que é pior, desperdício puro e simples de água.