Regiões da África brigam por um pote de água

A vida emerge de uma fonte de água potável. Para o ser humano, H2O é líquido indispensável, que flui no corpo e mantém a boa saúde. Técnicos e cientistas do mundo inteiro fazem previsões nada animadoras em relação às principais fontes que abastecem os grandes centros urbanos.
Desde a Eco 92, no Rio de Janeiro, Encontro Sobre Águas, em Paris, cientistas e ambientalistas vêm fazendo alardes substanciosos para o problema. A ONU, no entanto, é mais enfática: “Em 2005 vai faltar água para dois terços da população mundial”. Hoje, em 70 regiões da África e Oriente Médio, pessoas já brigam por um pote de água. Estima-se que o ser humano consuma, para sua necessidade mínima, cerca de 2 mil metros cúbicos de água por ano. Nessas regiões, estimativas apontam a existência de apenas 500 metros cúbicos de água por pessoa/ano.
A depredação do meio ambiente aliada à ocupação irracional sobre os mananciais, onde a água brota, estão transformando rios e reservatórios, estratégicos para a vida animal e vegetal, em canais de detritos industriais e domésticos. Apesar de parecer distante do problema e possuir a maior reserva de água do planeta – cerca de 8% de água doce disponível – o Brasil também sofre com a falta do líquido precioso. A situação mais grave é demonstrada no Nordeste, quando milhares de pessoas morrem anualmente pela falta do principal combustível do corpo. Há um desrespeito sistemático das populações, dos empresários e do governo pela natureza. Para se ter uma idéia, dos 12 mil lixões existentes no Brasil, 63% estão instalados na beira de rios e mananciais. A escassez mundial e do Nordeste, embora pareça distante, atinge também os povoados do Paraná. A deterioração dos mananciais que abastecem principais cidades, em razão da ocupação imobiliária, do planejamento urbano sem visão estratégica e do desenvolvimento industrial sem planejamento, está fulminando as fontes de abastecimento de água. O desrespeito às leis e ao bom senso são fatores determinantes, que levam à construção de prédios indústriais às margens dos rios, prejudicando o sistema de abastecimento de água das cidades.
Em Curitiba, onde existe a maior concentração de população do estado do Paraná, a Sanepar (Empresa de Saneamento do Estado do Paraná) trabalha no limite do abastecimento, estudando fórmulas de se retirar água de lugares mais difíceis: rios distantes e mananciais subterrâneos. Na verdade, o ser humano ainda não se apercebeu que sua ação intensiva contra a natureza tornou-se um fato perigoso, que está afetando todos os viventes da Mãe Terra, plantas e animais. Ele parece não entender que a movimentação das águas que saem da fonte, que formam o pequeno riacho, caem nos grandes rios e acabam se infiltrando nos mananciais subterrâneos. E também chegam aos mares e aos pólos.
Fonte: Revista do CREA-PR – Ed. 01

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