Conhecida como a caixa-d’água do Brasil, Minas Gerais possui uma das maiores reservas hídricas do país. Por isso, o Estado é hoje palco de discussões sobre o tema, sendo um dos pioneiros no desenvolvimento de ações de revitalização dos rios brasileiros.
Um exemplo desse trabalho é o projeto Manuelzão, que tem como prioridade devolver a vida à Bacia do Rio das Velhas, principal afluente do São Francisco e que já perdeu, em muito, a sua capacidade de depuração. De grande importância econômica e social, possui 761 quilômetros de extensão e corta 51 municípios mineiros. Mas o alto índice de poluição já compromete a saúde do rio e até das populações ribeirinhas.
Após chegar na Região metropolitana de Belo Horizonte, o Rio das Velhas atinge o seu maior índice de poluição. O esgoto doméstico, o lixo e os efluentes industriais quase o condenaram à morte.
Criado em 1997, o Manuelzão tem como prioridade “número um” repovoar a bacia que já contou com 90 espécies diferentes de peixes. Para tanto foi criado o movimento “Amigos do Rio”, um trabalho que envolve cerca de 70 voluntários, do qual participam profissionais das áreas de saúde, educação, meio ambiente, entre outros especialistas, além de moradores das regiões ribeirinhas.
“A água é o sangue da terra, e o destino dos peixes prenuncia o destino dos homens”, afirma o médico Apolo Heringer Lisboa, um dos coordenadores do Manuelzão. O trabalho já apontou as espécies de peixes em risco de extinção como o surubim, dourado, matrinxã, entre outros.
Muitas das espécies já foram recolhidas e etiquetadas, formando um banco de dados. O trabalho pretende apontar os motivos da mortandade dos peixes e, como consequência, as verdadeiras condições ambientais da Bacia do Rio das Velhas. “O peixe é um indicador da qualidade de vida dos rios e da população’, ressalta Apolo Heringer.