Durante muitos anos a humanidade enfrentou as epidemias ocasionadas pela presença de agentes patogênicos na água, praticamente sem dispor de nenhum mecanismo para a sua defesa.
Contudo, a adoção da técnica de tratamento da água para posterior distribuição às populações, nas últimas décadas do século XIX e no início do século XX, neutralizou este importante foco de aumento da mortalidade, em especial a infantil. Inquestionavelmente, foi a adoção da prática de cloração, aliada aos demais processos de tratamento de água, responsável pelo declínio das doenças transmissíveis por via hídrica.
Nos Estados Unidos a média da mortalidade, por febre tifóide, no período de 1880 a 1889 era de 58 por 100.000 habitantes. Com a entrada em operação naquele país dos primeiros sistemas de abastecimento de água, e extensão do benefício à comunidade, esta taxa caiu para 35 por 100.000 habitantes.
Em 1991, a cólera causou a morte de milhares de pessoas no Peru. Como origem da epidemia estava a suspensão do emprego do cloro no tratamento de água potável. Esta decisão foi uma incorreta interpretação de uma diretriz da Agência de Proteção ao Meio Ambiente e a adoção de diretivas européias que classificaram o cloro livre entre os produtos indesejáveis na água antes de sua colocação na rede.
Na tomada de decisão, as autoridades peruanas não levaram em consideração as numerosas publicações sobre o desenvolvimento do biofilme microbiano, que se desenvolve nos condutos distribuidores da água. Sem ter um residual suficiente de desinfetante, este meio fornece condições propícias ao desenvolvimento de microrganismos nocivos à saúde humana. Mais recentemente, casos de cólera veiculados pela água apareceram na Itália, na Albânia, em Ruanda, onde foram erradicados com o uso do cloro.
Na cidade de São Paulo, até a introdução da cloração nos sistemas de abastecimento de água, a febre tifóide tinha caráter endêmico.
Uma evidência da ação positiva dos sistemas de abastecimento público de água tratada é a espetacular redução da mortalidade infantil.
Toda desinfecção deve ser controlada por análises bacteriológicas e, para uma ação operacional mais rápida, também por meio da determinação do teor de cloro residual. Para garantia da desinfecção e como prevenção a futuras contaminações deve ser mantido residual de cloro em todos os pontos da rede de distribuição.
O Ministério da Saúde recomenda concentração mínima de 0,2 mg/l de cloro livre. O cloro não só é um agente desinfectante eficaz, como possui uma ação oxidante comprovada. Sendo assim, é empregado no tratamento da água também para outros fins como oxidação de ferro manganês, remoção de ácido sulfídrico, controle de odor, cor, sabor e remoção de algas.