O Brasil trata mal suas águas. Embora seja campeão mundial em águas superficiais, com 12% das reservas do planeta, além de dividir com os vizinhos Uruguai, Paraguai e Argentina. O aquífero guarani, maior reservatório natural de água subterrânea do mundo, o país faz pouco para proteger esse imenso patrimônio.
Problema de contaminação e exploração desordenada podem comprometer o seu uso num futuro mais próximo do que se imagina.
O professor Aldo Rebouças do Instituto de estudo avançados da universidade de São Paulo (USP) adverte que estamos demorando demais para regulamentar a exploração das águas subterrâneas. Enquanto isso a contaminação avança a passos largos.
A continuar o uso irracional com a construção de poços sem controle, as águas subterrâneas podem enfrentar as mesmas dificuldades das superficiais, vitima de todo tipo de poluição e descaso. Estatística não oficiais dão conta da existência de um milhão de poços no Brasil, 700 dos quais clandestinos. Essas águas enfrentam poluidores como lâmpadas fluorescentes muito utilizadas por conta da economia de energia fabricada com mercúrio e depositada sem critério nos lixões, fossa séptica, os resíduos da decomposição de matérias orgânicas penetram no solo e contaminam os lençóis.
Questões econômicas ajudam a explicar os temores dos técnicos e ambientalistas. Com o início da cobrança pelo uso da água de abastecimento público aos grandes consumidores e a crise de energia com a consequente estiagem tem provocado um acelerado crescimento do número de poços artesianos. Empresas do setor confirmam o aumento dessa demanda.
Atualmente, os consumidores não pagam pelo uso da água. As taxas existentes são para tratamento e distribuição.
Para complicar a situação, o mercado de perfuradores de poços, no qual atuam centenas de empresas, assiste ao surgimento de companhias piratas que constroem poços sem cuidados ambientais. Muitas atuam sem licença dos órgãos estaduais, cobrando preços menores que os das companhias tradicionais e legais.
Um trabalho mal feito resulta em contaminação do aquífero, com danos ao ambiente e a qualidade da água. Um poço pode ser uma incisão cirúrgica, com todos os cuidados necessários de limpeza e proteção, ou uma facada.
O mau uso dos aquíferos subterrâneos, além de resultar em contaminação por substâncias tóxicas, comprometem até rios perenes, aqueles que nunca secam. Se os aquíferos diminuírem de tamanho, essa ameaça torna-se real .