O Rio São Francisco, que nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, percorre 2.800 km. Ele oferece pesca, irrigação de plantações, água para consumo, enfim, fornece a vida do dia a dia aos pescadores e agricultores ribeirinhos. Sua beleza e seus mistérios povoam o imaginário da população.
Porém, este quadro pode estar com os dias contados, segundo moradores da cidade de Penedo, localizada no estado de Alagoas, às margens do São Francisco. Nesta localidade existem enormes bancos de areia formados em alguns locais de seu leito, oriundo provavelmente dos desbarranqueamentos de suas margens, motivados por desmatamentos criminosos em áreas preservadas por lei.
O resultado dessa formação de areia reflete-se na dificuldade de navegação do rio, principalmente com embarcações de maior porte, que transportam cargas, numa prova inequívoca da necessidade de se tomar medidas urgentes para reverter esse quadro que preocupa a todos. Outro aspecto que merece atenção foi o desaparecimento do pescado ao longo do rio.
O Governo Federal propõe deslocar as águas do rio para os estados da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, como solução para a seca que sempre assolou a região. O projeto, apresentado pelo Ministério da Integração Nacional, causa polêmica nos estados banhados por suas águas.
As maiores divergências entre os governos estaduais, organizações ambientais de Minas, Bahia, Sergipe e Alagoas, e o Governo Federal, é em relação aos Estudos do Relatório de Impacto Ambiental.
O governo tentou conciliar, mas os resultados foram negativos, de nove Audiências Públicas programadas para discutir a transposição, apenas quatro foram realizadas. Em Sergipe e Minas Gerais a reunião começou, mas foi interrompida por protesto das ONGs (Organizações Não-Governamentais) ligadas à causa do São Francisco, por considerarem abusiva a forma como as Obras da Transposição estão sendo feitas.
Por questões como essas, julgamos imprescindível a realização de um estudo minucioso na Bacia Hidrográfica do São Francisco.
Um estudo que viabilize a sua navegabilidade, revitalize suas margens, amplie seu volume com a melhoria da qualidade de suas águas, garanta o pescado e, o que é mais importante, dê credibilidade ao Governo para propor a utilização de suas águas para fins de abastecimento das população, na tão falada Transposição de Água de sua Bacia.
Só por intermédio de estudos como esses é que realmente podemos vislumbrar saídas dignas e racionais para o uso de água do chamado Rio da Integração Nacional.