O medo é um sentimento que a princípio parece negativo, pesado, ruim. E realmente ele se torna assim quando é exagerado, irracional e o indivíduo não possui controle sobre suas emoções. Mas há pontos positivos.
O medo faz com que diante do perigo iminente a pessoa recue e se afaste do que a ameaça. O medo neste sentido torna-se um escudo protetor. Se, por um lado, instiga o valor e a coragem, por outro, pode também produzir a depressão, a covardia, a neurose de angústia, a baixa auto-estima.
Há dois fatores significativos aos quais atribui-se a essência do medo na vida dos seres humanos. O primeiro surge desde as primeiras horas de vida, devido à falta de segurança que inicia-se no parto, no qual há uma separação brusca entre mãe e filho, e o bebê se sente indefeso e desprotegido, sendo que pode literalmente morrer se não for cuidado por uma outra pessoa. E na infância, a falta de proteção e amor à uma criança deixa marcas que podem resultar em medos patológicos pela vida afora.
Atenção pais: não coloquem medo em seus filhos dizendo “o bicho papão vem pegar você”, ou qualquer fala parecida. Assim, ao invés de educá-lo, você estará deseducando-o.
A nossa própria condição de seres mortais é um fator gerador de grande insegurança. Não há como abordar o tema do medo sem falarmos no inconsciente. Nesta instância encontram-se todas as experiências vivenciadas pelo sujeito, assim como os traumas, as crises, inseguranças, situações mal resolvidas e que refletem de alguma maneira em sua vida.
O medo exagerado e irracional torna-se patológico e é uma forma de canalização desse material inconsciente para o mundo. Por isso, tantas pessoas não conseguirem compreender o porque de sentirem tanto medo. O medo exagerado paralisa o sujeito. O impede de viver, amar, sorrir. Medo da vida, da morte, do que o outro vai pensar, do risco, do mal, do erro, da perda, do ladrão.
O medo exacerbado também age como uma “lente de aumento” que faz com que o real perigo pareça muito maior do que realmente é. Em excesso, seja por qualquer objeto, (escuro, morte, desemprego, solidão etc.) é sintomático, ou seja, é um indicador de que algo na vida do indivíduo não está bem. Há algum problema, geralmente inconsciente, que deve ser trabalhado.
Nos dias de hoje, em que a violência aumenta a cada instante, conviver com este tipo de medo tem sido frequente . O ideal seria que neste caso, o medo servisse para nortear os lugares, horários e maneiras de estarmos nos conduzindo, sem contudo “tirar nosso sossego” e acima de tudo nos mostrasse a necessidade de lutarmos por um mundo mais justo e humano, pois só assim o a questão da violência pode ser resolvida.
“Um dos mais graves problemas da humanidade tem sido sempre como livrar-se do medo como flagelo social, símbolo de insegurança e desequilíbrio, sem afetar aquele mínimo de medo que estimula o indivíduo e é responsável por inúmeras atitudes e atividades humanas.” Dr. Isaac Mielnik
- Redação
- 16/02/2017
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