Em 2008 o carnaval aconteceu no início do mês de fevereiro, imediatamente após as férias de janeiro. O momento é de recomeço escolar e o país ingressa em ritmo mais intenso de produção. O retorno acadêmico impulsiona os outros setores. É importante renovar, reiniciar, até mesmo para inovar.
A relevância dos ciclos torna-se explícita nesta fase do nosso calendário. Pela força do cíclico vê-se a necessidade das férias. Tem que haver, de tempos em tempos, momentos de descontração, relaxamento, descanso. Os workaholicks, termo que utilizamos para designar pessoas que são viciadas em trabalho, não se permitem esse tempo de descanso que é essencial para a renovação (renovar a ação).
Quem não permite descansar precisa resgatar a sua criança interna, pois ela existe dentro de cada ser humano, em qualquer idade e fase da vida (14, 20, 40, 60, 80 anos…), e às vezes encontra-se tão adormecida e deixada de lado. Quando isso acontece há um grande enrijecimento e a vida torna-se pesada, dura, sem cor, por mais que esteja tudo colorido.
“As maravilhas do Universo são-nos reveladas à medida que nos tornamos capazes de percebê-las”. Sem a criança interna a sensibilidade torna-se difícil. Relaxar significa entregar. E entregar pressupõe fé, pois a fé é ausência de temor. Para tirar férias e renovar é necessário entregar, relaxar. Essa é uma forma de deixar emergir a criança interna que existe em todos nós.
Após um descanso adequado, as atividades retomadas fluem desde que haja disponibilidade interna para o retorno ao trabalho. Com abertura interna, e após o descanso das férias, certamente que produzir, crescer, trabalhar, serão consequências do equilíbrio interno que se materializa e concretiza no externo.
Assim como a sístole e diástole, que são movimento de contração e descontração que o músculo do coração executa para bombear o sangue, precisamos de períodos de força, contração (concentração e canalização de energia para o trabalho) e de descontração (descanso). Assim é no trabalho de segunda a sexta-feira, com folga aos finais de semana. E de 12 em 12 meses, por um período mais longo. Essa convenção do tempo é o que concluiu-se ser o adequado.
Portanto, agora é o momento de trabalhar, produzir. Final de férias, após o carnaval. Após o merecido descanso, agora o merecido trabalho, com disposição, motivação. E se não houver disposição para voltar ao trabalho e retornar às atividades, o adequado é colocar metas e tomar atitudes para a conquista de um novo trabalho. E seguir adiante, com esperança, disposição, fé…
“Um dia fomos crianças. Desorientados no tempo e no espaço. Não havia ‘ontens’ e com eles mágoas, ressentimentos, angústias e tragédias -nem havia ‘amanhãs’ -, com sofrimentos antecipatórios, agendas do dia seguinte, ansiedade de problemas imaginários e sem soluções (pois são, por definição, imaginários!).
Um dia fomos crianças e vivemos no único tempo possível -o presente! Tudo era uma dádiva: o brinquedo, o sanduíche, as cores, os filmes, os amigos, a rua, a fazenda, a praia, as férias…
Ah! Que saudade da gente mesmo, da criança que mora dentro da gente.”
(Texto recebido no Ciclo Ceap -Centro de Estudos Avançados de Psicologia)