Não ao Suicídio

O fato de pessoas atentarem contra a própria vida foge às bases da compreensão humana, por se tratar da opção pela morte, algo desconhecido.
Isso torna esse assunto não comentado, excluído, e por mecanismo de defesa, não há reflexão em torno dele, a não ser por parte de estudiosos do assunto (psicólogos, filósofos) e por pessoas que trabalham com vítimas que tentaram mas não morreram e famílias de vítimas (profissionais como médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, entre outros).
A imprensa evita falar no assunto, pois sabe-se a força e o poder do exemplo. O indivíduo que procura este caminho está “gritando” ao mundo que não consegue mais suportar as pressões que lhe trazem dor. É como se a fuga fosse a única alternativa que lhe restasse. Mas sabemos que não é a única maneira de mudar a vida. O problema é que a vítima não sabe.
Segundo o psicanalista Roosevelt Cassorla, que trabalha com este tipo de situação, o suicídio é resultado de um processo cumulativo, o ponto final de uma caminhada de frustrações, e para tentar entender o suicida, deve-se compreender quais as fantasias que passam por sua cabeça no instante em que opta pela morte. As mais freqüentes estão ligadas à certeza de que, após a morte, há uma nova vida sem dor e sofrimento.
Ele comenta que é importante frisar que essa imagem de ressurreição, não tem obrigatoriamente a ver com o aspecto religioso. Qualquer pessoa, mesmo as que se declaram atéias, têm aversão à finitude do ser humano e quase sempre guardam bem dentro de si a esperança de uma nova vida, mesmo que não saibam bem como ou onde ela será. Ele comenta que é muito comum, sobretudo para uma criança que perde precocemente sua mãe, a fantasia de que só conseguirá revê-la se também morrer. A nível inconsciente é o que ocorre com grande parte dos viúvos ou viúvas que geralmente pouco tempo depois de perder seu parceiro, acaba falecendo de forma natural.
Penso ser importante enfocar este assunto, pois como já foi comentado, a vítima não enxerga outras maneiras de lidar com seus problemas, só que isso não significa que realmente não haja outra solução. Ou seja, as pessoas precisam de ajuda. Nós, humanos, precisamos uns dos outros. Ao ver alguém em sua família passando por situações difíceis, e que você se sente impotente para ajudar, auxilie esse familiar a procurar por alguém que possa fazer algo.
Existem no mundo tantas pessoas dispostas a ajudar umas às outras. Existem igrejas, entidades, etc. Ao nascer, os animais, em pouco tempo tornam-se independentes dos progenitores. Os humanos, não. Precisam de alguém que os alimente, os proteja do frio, do calor, auxiliem no processo de aprender a andar, comer, falar, ler, amar, e assim sucessivamente até o seu último suspiro.
Esse “relacionar” é a principal defesa contra extremos de desespero como a tentativa de suicídio. Daí muitas famílias se sentirem culpadas, mal, como se não tivessem feito o que deveriam. Mas, geralmente elas também são vítimas, pois muitas vezes não fazem porque não sabem. Por isso, a importância das pessoas procurarem umas às outras, procurarem ajuda quando a vida estiver difícil. É algo em nossa cultura que tem amadurecido e acontecido com mais freqüência. Prova disso é o quanto a Psicologia cresceu. Antes procurar ajuda era sinônimo de fraqueza. Hoje em dia é sinônimo de inteligência.
Portadores de doenças terminais, problemas financeiros como dívidas, queda brusca do padrão de vida pessoal e familiar, uso excessivo de drogas, problemas mentais como psicoses, neuroses graves, depressões fortes, solidão. Eis os principais vilões que acometem as vítimas em nossa cultura.
No entanto, são várias as histórias de indivíduos que passaram por problemas dessa ordem e superaram, “deram a volta por cima”, e vivem bem. Mas é muito importante ressaltar que é através do apoio uns dos outros que isso se torna possível.

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