Cuidado com o sucesso!

Encontrar o sucesso pode ser a busca do caminho do paraíso ou do o inferno. O mundo ocidental, que em sua grande maioria vive de superficialismos, acredita que o modelo econômico consumista seja o ideal, e dentro dele a palavra de ordem é TER.
Alguns escritores médicos, psicólogos, aproveitam o tema para vender surradas e ultrapassadas idéias desvendando como conseguir o poder e o sucesso, através de técnicas bisonhas. Na maioria das vezes sem discriminação, acreditam que as pessoas são todas iguais, e traduzem fórmulas mágicas sem nenhum teor e consistência, induzindo a procura desvairada da afirmação dentro do circuito social. Assim o pobre mundo globalizado vai arrebanhando ovelhas que vão seguindo ao acaso, as regras dominadoras que vendem e exportam, mas que trazem muitas vezes como consequência, a angústia, o estresse, o pânico e o terror.
Alguém, antes de querer ter o poder e o sucesso deveria procurar entender a diferença entre prazer e felicidade. Felicidade poderia ser definido como sendo um sentimento duradouro de harmonia, paz e emoções reativas bem ajustadas, levando o ser humano a um estado de esplendor e plenitude, enquanto prazer seria uma sensação, às vezes fugaz, perene, de bem estar e que em algumas situações pode desencadear reações extremas, inclusive a depressão .
Antes de querer ser alguma representação social importante, é de suma importância o autoconhecimento e análise de como o poder pode deturpar a vida que, antes sincera, simples e tranquila, cede lugar à angústia. É preciso conhecer os limites, e saber que se sairmos fora dele, fatalmente seremos seres ricos, mas estressados e deprimidos.
Cada um tem uma velocidade de ação, e é através dela que deveríamos buscar desenvolver nossos talentos. Não adianta querer correr 100 km por hora se nosso limite é de 20 km. Todos os seres humanos são iguais perante direitos e da condição de ser feliz. Basta a pessoa se adequar e verá que a vida é bela (“nós é que estraga ela!”) .
É muito comum passarmos pela rua e vermos pessoas passeando calmamente ou outras jogando baralho ou damas com um ar de descontração invejável. Outros estão nas indústrias dirigindo a empresa de uma forma condizente. Mas afinal de contas… quem é mais feliz ?
Neste momento em que nos debatemos com uma situação envolvendo a miséria carregada de fé e crenças contra o imperialismo dominador implacável, transparentes aos olhos de todo o mundo, fica uma questão: A felicidade do ser humano está relacionada com o dinheiro ou filosofia? Deste ângulo, vamos encontrar pessoas que apesar de pobres, são convictas de suas crenças e filosofias e não precisam trilhar o caminho do sucesso, porque elas têm o alimento dogmático.
Por outro, lado a liberdade usada sem humanismo, pode significar a prisão, visto que as desigualdades do sistema capitalista traz a miséria, o terrorista maior. Para quem nunca pensou, pobreza deveria ser de responsabilidade daqueles que são o sucesso. Por que o sucesso descrito pelos escritores best sellers (os mais vendidos ) não se volta para o humanismo e sim para o poder individual arrebatador?
A plenitude da saúde conta com uma espécie de conforto espiritual e emocional que muitas vezes se aproxima da condição de tranquilidade. Nesta sociedade onde o dinheiro aparece como um identificador de sucesso, a aparência do poder explícito pode estar escondendo, atrás do semblante, a dor da angústia e ansiedade.
Os comprimidos antidepressivos não podem ser responsáveis pela resolução da depressão, que advém na maioria das vezes do processo das atitudes diárias. Antes de criarmos a ideia do sucesso, deveríamos procurar desvendar se estamos aptos a ele.
O poder sempre vem acompanhado de uma triste relação de restrições. O mundo precisa de desenvolvimento, mas sem volúpia. O preço da pressa é muito alto, e pode fazer com tenhamos dívidas para o resto da vida.
Até a próxima.

Dr Carlos Eduardo Guimarães

Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), desde 1997.