Ficar vermelho quando se recebe um elogio, suar as mãos quando estamos ansiosos, são pequenas amostras que revelam a ligação íntima que existe entre a pele e o que se passa na mente. Este estado de mudança, na maioria das vezes, é transitório e fugaz. Denota uma timidez ou mesmo alguma insegurança nas relações sociais. Porém uma situação permanente de estresse, tensão ou ansiedade poderá causar problemas mais graves, que se manifestam por meio dos chamados sintomas psicocutâneos, que incluem coceiras, ressecamento, manchas e descamação.
Nestes dias de intensa pressão e estresse, o reconhecimento do papel da ansiedade e os estados depressivos no aparecimento das doenças, transforma completamente a conduta médica. Quando era estudante de medicina, ouvia alguns professores dizerem: “Quase todas as doenças têm início nas emoções mal processadas”. Indignado, questionava qual seria o motivo que levaria as faculdades médicas se preocuparem tanto com as alterações físicas, deixando de lado o estudo mais profundo das doenças geradas pelas emoções desarmonizadas.
Com o passar do tempo, venho observando que aquelas receitas recheadas de medicamentos vão paulatinamente sendo substituídos por medidas curativas mais apropriadas e consistentes. Com certeza, as faculdades de medicina ainda vão se aprofundar mais no estudo das doenças psicossomáticas, como era feito no século XVII, quando o médico estudava além de medicina, filosofia, astrofísica e psicologia. Reforçando essa linha de pensamento, recentemente, cientistas franceses obtiveram resultados fantásticos em experiências realizadas em portadores de vitiligo (manchas brancas na pele devido a ausência de melanina).
Neste ensaio, os cientistas separaram os pacientes com vitiligo em dois grupos, sendo o primeiro, aquele que era tratado com medicamentos e outro grupo, tratado com psicoterapia. O resultado foi surpreendente. Aqueles que usavam medicamentos tiveram um índice de cura de apenas 40%, enquanto aqueles tratados com psicoterapia tiveram um resultado de cura por volta de 60%. A psicoterapia era realizada por psicólogos e psiquiatras, enquanto que o uso de medicamentos eram ministrados por dermatologistas.
Muitas pesquisas já evidenciaram que os aspectos emocionais podem provocar o aparecimento de câncer de pele, psoríase e alopécia areata (pelada no couro cabeludo) entre muitas outras. Devido a evolução da área integrativa, foi fundada a Sociedade Brasileira de Dermatologia Integral. A medicina integrativa busca tratar a saúde levando em conta a associação entre corpo, mente, emoções e espírito.
A medicina do século XXI não é presa a dogmas e preconceitos, por isso, o nome “integral“ passa a fazer parte dos nomes das clínicas médicas que observam o paciente como “um todo”. Por isso, a pele reage aos hormônios liberados pelas glândulas espalhadas pelo corpo, principalmente pela hipófise. Quando nos encontramos em uma situação de perigo, o organismo tende a produzir hormônios que vem nos proteger, por exemplo: As glândulas suprarrenais que se situam sobre os rins, aumentam a secreção de adrenalina e cortisol. Esses hormônios em uma primeira instância nos protegem, mas se o estresse continua, eles poderão prejudicar o sistema imunológico, aumentando as possibilidades de doenças. Por isso o estresse facilita a instalação de processos patológicos. Como também possui características imunitárias, a pele acaba por ter sua função de renovação, umidificação e oleação comprometida.
Até aquela espinha ou furúnculo que surge bem na véspera de uma prova, pode não ser mera coincidência. Mais adrenalina e cortisol significam maior produção de gordura pelas glândulas sebáceas, o que pode agravar a acne. “Os remédios são um alívio imediato para ajudar o paciente a sair de um círculo vicioso, mas tratamentos a longo prazo têm de ser feitos também com medidas não medicamentosas”. O sucesso dos tratamentos serão tanto maiores quando se buscam causas de origem emocional, juntamente com processos de origem física. Essa é a medicina integral.
Até a próxima.
- Redação
- 25/02/2017
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