“Aqui tudo termina em pizza”

Imagine que você e algumas pessoas são os proprietários de uma pizzaria em Brasília que funciona há muito tempo. Em frente ao estabelecimento, quando algum cliente chega de automóvel, logo aparecem os flanelinhas (aqueles que se intitulam TOMADORES DE CONTA) com aquele papo: Ô tio, vô tomá conta do carrão…então manda uma grana aí, senão seu carrão poderá sumir ou ficar arranhado, morô???
Esse é o cartão de apresentação da pizzaria. O estabelecimento possui uma hierarquia que tem no pico da pirâmide o gerente. O gerente sempre barbeado e trajado com paramentos engravatados, pronto pra dar qualquer tipo de entrevista, anda de um lado pra outro e faz “vistas grossas”, fingindo que não está vendo que o garçom em atendimento recebe e esconde debaixo do balcão as gorjetas que deveriam ser repartidas entre todos os garçons. Como seus parentes estão todos empregados na pizzaria, ele não quer criar confusão, por isso finge que está “tudo bem”, pois quer continuar sendo gerente, e desta forma poder manter sua família empregada.
Esta atitude é corriqueira e todos os garçons agem assim, escondendo as propinas que seriam repartidas entre eles. Na entrada, as recepcionistas e telefonistas se revezam (já que eles faltam muito ao emprego). Um bate ponto pro outro e mantém o “staff” com o salário em dia. Eles recebem através de e-mail e telefonemas os pedidos de reserva dos clientes que, de forma habitual contempla a preferência pelas pessoas mais abonadas e principalmente aquelas que falsificam e clonam cartões de crédito, e assim superfaturam as contas que serão pagas com os cartões clonados, grana esta que será dividida entre o gerente e demais funcionários.
A contabilidade da pizzaria, além de trabalhar com o “caixa dois” sonega informações e faz acordos com os fornecedores para não emitirem nota fiscal. Na cozinha os auxiliares sempre fazem uma quantidade maior de pizzas com a intenção de levar para suas casas o excedente, já os cozinheiros, usam ingredientes, temperos e azeites falsificados na elaboração dos pratos mais finos e juram que estão dentro dos conformes gastronômicos. Assim este “negócio” vai sendo gerido através dos tempos e você não toma nenhuma atitude…
Bem, esta pizzaria é sua e de outros sócios, e já que você não reage, muitos funcionários enriquecem com a corrupção advinda do seu dinheiro. No final, muitas reclamações e acusações e o prejuízo que é certo, traz muita indignação. Devido a isto, quando alguém da família adoece, você não tem dinheiro para pagar o hospital. Suas contas vivem sendo dependuradas e, até o colégio dos filhos está recusando os meninos por sua inadimplência nos acertos das mensalidades. Bem, depois de tanta perda, você já cansado, pensa em alguma forma de reverter esta situação caótica. Procuramos e só achamos uma saída: Mandar todos funcionários embora e colocar gente nova e honesta pra trabalhar.
Moral da história: Você somente conhece a verdadeira face de uma pessoa, quando ela assume o poder. Aqui acaba a historinha, mas tenho um recado pra você e para seus sócios que são donos da pizzaria: Ou vocês assumem uma postura ética e cidadã buscando uma mudança, ou vão continuar bancando a Pizzaria Brasil…..
Até a próxima.

Dr Carlos Eduardo Guimarães

Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), desde 1997.