A Fita Métrica na Avaliação Cardiovascular

Os conceitos que a população tem sobre os riscos de doenças cardiovasculares poderão ter uma mudança drástica. Ao invés que ficar somente aferindo semanalmente o peso nas balanças de farmácias e fazendo exame de colesterol sistematicamente, o indivíduo agora lançará mão da fita métrica para evitar problemas.
Sim, é isso mesmo, da fita métrica. Um acessório que todo mundo tem em sua casa, usado para medir tecidos, madeira, cartazes de cartolina agora aparece como um importante aliado da saúde.
Poucas pessoas sabem, mas no Brasil, mais de 40% da população adulta apresenta sobrepeso ou obesidade, e que em 30 anos o Brasil poderá liderar a mortalidade mundial por doenças cardiovasculares, a custos sociais impagáveis, se não houver uma conscientização de toda a sociedade em relação ao assunto.
A obesidade é uma doença e deve ser tratada como tal. Ela na maioria das vezes, caminha junto com problemas circulatórios e a diabetes mellitus Esse perigo, agora não se mede mais pelo índice do peso em relação a altura, como tem se apregoado (Índice de massa corporal ?IMC). Agora o principal marcador de alerta não se encontra no peso em si, mas principalmente na circunferência cintura-quadril. Quanto maior a cintura abdominal, maior o risco de doença cardíaca. Existe um consenso médico de que o limite deve ser de 103 cm para homens e de 88 cm para mulheres. A balança cedeu lugar para medir os perigos para saúde para a fita métrica.
A denominada síndrome metabólica ou adiposidade visceral (gordura nos órgãos internos), além de ser um fator de risco em si, quando associada à diabetes potencializa o risco. Os aspectos raciais e a genética também devem ser levados em conta. Isso significa que essa medida pode nem estar alterada no caso dos orientais, que são os menos ?barrigudos? do mundo, e por isso não se deve perder de vista os demais fatores de risco individualmente.
Os outros fatores juntamente com o aumento da circunferência abdominal devem ser avaliados. O acúmulo de gordura na cintura abdominal é um “agravante de risco”. O aumento da barriga se dá principalmente naquelas pessoas ociosas, pois a gordura tende a acumular junto aos músculos e órgãos que têm pouca movimentação. A atividade física é fundamental para a diminuição da cintura abdominal, como a caminhada de 60-90 minutos durante cinco dias por semana ou três sessões de caminhada de 10 minutos darão resultados iguais a uma sessão contínua de 30 minutos.
As caminhadas, a meu ver, são as melhores atitudes que podemos adotar. Andar de bicicleta é uma alternativa gostosa e muito eficiente no combate à obesidade e consequentemente ao aumento da circunferência abdominal. Na casuística, observamos que os pacientes portadores de algumas patologias como artrite e psoríase tendem a ser obesos. O mesmo ocorre com os pacientes que tem artrite reumatóide e também psoríase tem a serem obesos, além de terem todos os sinais da síndrome metabólica, com hipertensão, alterações do colesterol e resistência a insulina. Há uma relação direta quanto mais grave a artrite maior e a sua obesidade, e maior os riscos de um ataque cardíaco.
Os médicos estão tentando incluir as artrites como fatores de risco cardiovascular, principalmente pela limitação que estes pacientes adquirem por sentirem dores aos movimentos e desta forma ficam sedentários. Por isso, o melhor que temos que fazer é não deixar “aquela barriguinha” crescer muito, mesmo sendo o chope gostoso e a televisão um vício. Mãos na fita métrica e se estiver muito próximo da medida de risco, procure ajuda. Vale a pena cuidar da vida.
Até a próxima

Dr Carlos Eduardo Guimarães

Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), desde 1997.