Tem um aforisma que diz: “Fruta gostosa é a roubada do quintal dos outros” Quando éramos meninos sempre procurávamos uma goiabeira ou uma mangueira no quintal do vizinho para nos deliciar do prazer de pular o muro, e escapulir com uma sacola cheia de frutas. A sensação era de vencer um duelo. O desafio de não ser visto e nem pego.
Muitas pessoas crescem e não se desvinculam de atitudes vividas no passado. Com o passar do tempo, o amadurecimento e a distinção ética e moral fazem com que estas histórias fiquem como uma passagem travessa da meninice. Mas muitas pessoas continuam fixadas no passado, trazendo o prazer de furtar pequenos objetos e sentir uma sensação de plenitude com a façanha. Este hábito tem nome: Cleptomania. Mas de onde vem esta mania?
A cleptomania é uma doença crônica psiquiátrica caracterizada pela necessidade em roubar objetos desnecessários para seu uso pessoal. O roubo a lojas é um problema que vem acompanhando a humanidade há séculos, mas a cleptomania foi descrita como um transtorno psicológico apenas no começo de 1800. Somente a partir dos anos 50 é que ela foi reconhecida pela Associação de Psiquiatria americana como uma espécie de doença mental.
Os roubos ocorridos são justificados de diversas formas pelas pessoas: Revenda, sustentar vício de drogas, uso pessoal e pelo simples prazer de liberar um pouco de “adrenalina”. A maioria dessas razões é usada para justificar o roubo, mas não a cleptomania. A cleptomania é caracterizada pela necessidade impulsiva de roubar e muitos cleptomaníacos são descobertos pela primeira vez durante o roubo. A necessidade surge a partir de estímulos de forma que não se consegue controlar.
Apesar de ocorrer em crianças jovens e adultos de ambos os sexos, a cleptomania ocorre na maioria dos casos em pessoas do sexo feminino. Acredita-se que cleptomaníacos podem ainda representar sinais indicativos de depressão, ansiedade, e outros transtornos. Uma pessoa cleptomaníaca somente pode ser detectada após os furtos que comete, pois apresenta características normais no dia-a-dia estando necessitada de furtar somente em face ao objeto desejado.
Normalmente os objetos que despertam desejo sobre os cleptomaníacos são aqueles de baixo valor. Esses após serem roubados trazem extrema sensação de prazer, mas a pessoa quando atenta para a sua necessidade de roubar, sente vergonha e tristeza pelo seu ato e esconde seu comportamento da família. A maioria dos ladrões amadores rouba para uso pessoal e não para revender, mas uma pequena porcentagem deles têm uma necessidade compulsiva de roubar..
Psiquiatras continuam debatendo se a cleptomania é uma doença mental distinta ou se é uma manifestação de algum transtorno psicológico.. O Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria, resumiu um critério para diagnosticar a doença. Com freqüência, o indivíduo não consegue resistir ao impulso de roubar objetos que não são necessários ou que não tenham valor. O indivíduo fica tenso antes do roubo, mas a tensão é aliviada pelo ato de roubar. O roubo não é conseqüência de raiva, vingança, desilusão, alucinações ou discernimento debilitado.
Quanto ao tratamento, os médicos observaram que os medicamentos químicos quase não oferecem benefícios. A terapêutica que vem ajudando os pacientes são à base de medicamentos homeopáticos juntamente com a terapia cognitivo comportamental, porém a eficácia desses tratamentos depende de cada caso. A acupuntura e o ayurveda também aparecem como grandes aliados. Uma observação importante é reconhecer esta doença a partir da adolescência, fase esta que pode ser abertura de um caminho que ninguém sabe onde vai dar, mas se bem orientada faz com que os pequenos conflitos não levem aos grande vícios.
Até a próxima.