A sociedade está cada vez mais doente

O crime bárbaro ocorrido na escola municipal Tasso da Silveira no bairro de Realengo (RJ) foi mais que brutal, foi a exteriorização da perversidade que o ser humano traz dentro de si. Por que pessoas inocentes e sem envolvimento com a vida dos criminosos são os alvos da perversidade? O que move um indivíduo a agir premeditadamente contra pessoas indefesas? Esta perversidade aparece e tem força quando a sociedade cria segregações em seu mecanismo de convivência, gerando frustração, sentimento de exclusão e incapacidade.
Em algumas pessoas estes sentimento geram angústia e desarmonizam suas emoções. Aqueles que têm traços psicopáticos são os mais afetados. No psicopata a vontade de destruir e ultrajar acontece sempre quando o criminoso se sente desamparado. E desta forma, acontece o desenvolvimento de atitudes patológicas e que geralmente buscam causar o sofrimento alheio. O psicopata sofre e faz o mundo sofrer. Em nosso mundo contemporâneo as segregações são evidentes e consequentemente aparece o poder absoluto. E disso se aproveitam aqueles que são perversos.
A palavra que ultimamente tem saído abundantemente nas manchetes é BULLYING. Bully em inglês quer dizer aterrorizar. Esta é a intenção de quem pratica bullying: Amedrontar e intimidar. O bullying é mais do que um ataque ocasional de raiva ou briga. É uma intimidação regular e persistente. O ser humano vive em uma sociedade onde somente poucos se tornam incólumes à submissão necessária à sobrevivência. Por isso há tanta competição, que tem como resultado o ultraje que torna a dinâmica social na maioria das vezes cruel.
Mas a prática de agredir alguém (verbal, física ou psicologicamente) não é comum somente nas escolas. Gente que há muito tempo passou dessa fase, usa esse artifício para neutralizar o desempenho e autoestima de colegas no meio corporativo. As classes sociais menos favorecidas são vítimas do bullying, e principalmente do bullying político. A grande maioria dos políticos no Brasil, vive em um patamar social que os torna poderosos e assim permanecem blindados. Fazem de tudo para se manter no poder e daí desfrutar da proteção estatal. Até imunidade eles têm.
E em algumas cidades e alguns lugares, o bullying é praticado quase que automaticamente. São profissionais que costumam ter atitudes nada louváveis e incompatíveis com seu dever, como isolar um colega, zombar de alguma característica, inventar fofocas, boicotar em reuniões ou ridicularizá-lo por sua opção sexual, política ou religiosa.
Diante de tantas atrocidades, está ocorrendo um movimento destinado a denunciar as crianças vítimas de bullying na escola. Para isso recorrem ao apoio de pais e professores. E os adultos, a quem poderão recorrer para lidar melhor com a intimidação ou a zombaria incomoda no trabalho? Como se proteger deste ultraje? Primeiro, mude as situações que lhe incomodam. É sempre importante que um adulto se posicione sem medo, seja com suas idéias profissionais, seu credo, raça, sexo… Isso depende mais da sua autoconfiança, da disposição de perder um emprego, amigo, time e buscar novos lugares.
Crianças dependem dos pais para programar mudanças em suas vidas. Adultos, não. Adultos podem lutar por seus espaços. Nas reuniões importantes o clima costuma ser de salve-se quem puder. Cada um que queira subir de cargo numa empresa tem de se defender sozinho e não esperar passivamente que outro lhe dê passagem. Segundo, quem se vê como vítima de bullying numa situação dessas deve avaliar se é a primeira vez que se sente assim, e, nesse caso, falar com a pessoa que o maltrata. Adultos devem lutar por seus espaços. As corporações precisam ter consciência de que bullying no trabalho é um problema sério e recorrente. Terceiro, vamos denunciar o bullying, esta é a forma mais coerente de acabar com ele.
Até a próxima.