Aspirina…. Santo ou Diabo?

O Ácido Acetil Salicílico, também conhecido como aspirina ou AAS, foi descoberto há mais de 100 anos. Por incrível que pareça, antigamente o AAS era considerado poderoso veneno, até que um sujeito portador de “artrite”, cansado de tanto sentir dor, tomou altas doses de aspirina tentando o suicídio.
Para a sua surpresa, ao invés de morrer, verificou que as dores passaram, assim como as inflamações nas articulações. Desta forma, a ciência vai sendo revelada com uma grande participação do acaso.
Há 20 anos, se suspeitava que a aspirina poderia curar o câncer. A suspeita, diga-se, começa a ganhar força com o resultado de estudos que comparam a droga com remédios falsos, os chamados placebos. Quando os laboratórios vão experimentar algum medicamento novo, testam o remédio verdadeiro juntamente com o remédio falso, dividindo dois grupos de pacientes, para obter uma avaliação científica dos resultados.
Um deles, realizado na Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, avaliou 635 indivíduos, ex-vítimas de tumor intestinal. Os pacientes que engoliram comprimidos de ácido acetilsalicílico (AAS), princípio ativo da popular aspirina, viram as chances de desenvolvimento de pólipos no intestino caírem 35% em relação ao grupo que usou remédios falsos. Resultados iguais foram obtidos por especialistas do Hitchcock Medical Center, também nos Estados Unidos, depois de acompanharem mais de mil pessoas durante sete anos.
Há ainda pesquisas sugerindo que os benefícios da aspirina vão além, afastando o câncer de outras regiões. Um estudo do Instituto Karolinska, na Suécia, notou o efeito contra o tumor gástrico, assim como na Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, o mesmo foi constatado nos pulmões. Pesquisadores afirmaram que inflamações crônicas acabam criando um ambiente adequado ao desenvolvimento de tumores, e em contrapartida, a aspirina acabando com estas inflamações, estariam evitando o aparecimento dos mesmos.
O médico Robert Sandler, autor do badalado estudo americano sobre câncer de intestino, foi mais cauteloso, lembrando que se trata apenas de uma teoria. É certo que o medicamento previne infartos e derrames, principalmente se a pessoa já foi vítima deles.
Se depender do andamento das pesquisas, os benefícios da velha aspirina não vão parar por aí. Já tem gente sugerindo que ela poderia retardar ou até mesmo evitar doenças degenerativas da massa cinzenta, como o mal de Alzheimer. Apesar de estarem em fase mais inicial, essas experiências indicam que o ácido acetilsalicílico é capaz de impedir a morte dos neurônios no Alzheimer.
Apesar de tanta euforia, cuidado! Tem gente que não pode tomar a aspirina de jeito nenhum. Como ela apresenta uma ação anticoagulante, quem possui distúrbios de coagulação, como os hemofílicos, precisa evitá-la. Pelo mesmo motivo, pessoas que vão passar por uma cirurgia, mesmo dentária, não podem usá-la nas vésperas. Outro cuidado revela que o AAS também irrita a parede do estômago e pode causar alergias. Daí, vítimas de gastrite, úlcera, asma ou rinite se dão melhor ficando longe dela.
Até a próxima.