Dr. Carlos Eduardo Guimarães

Como tratar as queimaduras de fogão

Dr. Carlos Eduardo Guimarães*

Desde os tempos dos meus avós eu sabia que quando a gente sofre uma queimadura na pele, seja ela no fogão ou com água quente ou mesmo com alguma panela (imagino que isto já lhe aconteceu alguma vez), a solução era sempre caseira e na maioria das vezes, muito eficaz.
Como antigamente não encontrávamos remédios facilmente e nem farmácias nas esquinas, então a solução era caseira. Nesta situação de queimadura, sempre ouvia dizer que colocar clara de ovo no local queimado era “tiro e queda”. Sempre ouvi dizer que as verdades são eternas… e assim a humanidade muda o rótulo, mas a essência é a mesma dos tempos antigos.
Vocês sabiam que estão tratando reumatismo com picadas de abelhas e pressão alta com veneno de Jararaca? A natureza é sábia. Bem, estes procedimentos permaneceram vivos, assim como quase todos segredos da medicina milenar, que trazem conhecimentos sempre úteis e ricos em ensinamentos. Diferentemente dos medicamentos naturais, os medicamentos de farmácia, quando lançados no mercado geralmente têm uma vida de 20 anos, sendo depois substituído por outro tipo ou mesmo retirado por seus efeitos colaterais graves. Sabemos que o mundo está cada vez mais atento às terapêuticas naturais, devido ao baixo custo e também aos efeitos colaterais que fazem os medicamentos ser uma “Faca de Dois Gumes”.
Na maioria das cidades, existem nas secretarias de saúde, clube de voluntários da saúde, que são apêndices criados com o intuito de desenvolver atitudes de cidadania. Agentes públicos voluntários são treinados para socorro em situações de emergência. Atualmente, este procedimento que comentarei é hoje ensinado em todos os clubes de voluntários, como um método caseiro e altamente eficaz. O procedimento é fácil e na maioria das situações resolve melhor que a aplicação de muitos medicamentos.
Estes cuidados são os primeiros a serem adotados e não quer dizer que dispensa a apreciação posterior do médico. Então vamos ao caso… Na semana passada, meu funcionário estava preparando o café quando a água ferveu jorrou pra fora quando ele tentava manusear a chaleira. Logo que fui avisado instrui que colocasse a mão debaixo da água da torneira, para tirar aquele calor inicial, e pela cara dele, a dor parecia ser violenta.
Depois de alguns minutos, já que estava na cozinha, peguei dois ovos, retirei as claras, bati levemente e coloquei a mão dele na clara. Assim como quem colocasse a mão em uma espuma de sabão. Estava com queimadura de primeiro e segundo grau ou seja, esturricou a pele e lesou a derme. Assim que eu colocava a clara em cima, a mesma secava e ficava uma película que era o colágeno do ovo.. Pedi a ele que colocasse pelo menos dentro do prazo de uma hora, camadas de claras na mão. Pedi que após este procedimento, fizesse um curativo com a clara na gazinha. Pedi a ele que fosse ao posto de saúde, coisa que ele não fez, apenas continuou passar a clara no local queimado.
De tarde, quando fui avaliá-lo, já não queixava mais dor no local. No dia seguinte havia apenas a marca vermelha arroxeada onde a pele havia queimado. Pela minha experiência, pensei que ficaria uma cicatriz horrível, porque na hora que queimou, apareceram aquelas bolhas de queimadura, que posteriormente romperam e deram um aspecto de lesão dérmica. Para minha surpresa, depois de 10 dias o aspecto da pele estava completamente íntegro sem nenhuma marca do acidente. O efeito recuperador da clara sobre a pele foi totalmente assegurada pelas proteínas e pelo colágeno existente, e na verdade, a clara é uma placenta e cheia de vitaminas….
Sabendo que as queimaduras caseiras são ocorrências comuns, achei que esta dica pudesse auxiliar alguém. Simples e fácil, poderá ser uma atitude muito útil em algum momento, onde o médico e o hospital podem estar distantes, e você perto.
Até a próxima.

*Carlos Eduardo Guimarães é Médico, com especialização em Acupuntura e Clínica Médica e pós-graduação (latu sensu) em Fitoterapia. Autor do livro "Nutrição Ayurvédica - Do Tradicional ao Contemporâneo". Colunista do jornal Acontece (Caeté-MG), de 1997 a 2017, quando o jornal deixou de cirular impresso.