Dr. Paulo Monteiro, uma vida dedicada à medicina (Parte 1)

  • Redação
  • 22/02/2017
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(A história da reconstrução da Santa Casa em 1963)

Infelizmente, hoje em dia, a filosofia da sobrevivência imposta pela “tal globalização” se escora na dependência de valores materiais, no egocentrismo e no desprezo pela cooperação.
Vemos se unirem o interesse dos Países “ditos ricos”, utilizando suas forças para dominar os países subdesenvolvidos, impondo regras políticas e econômicas que lhes convém. E assim caminha a humanidade, sob o jugo do imperialismo digital, onde a palavra “doação” fica cada vez mais ausente do discurso da convivência.
Recordando um passado importante, vimos que “antigamente” os conceitos eram muito diferentes e a cooperação comunitária era praticada como um dever moral, sem interesses pessoais, dirigido ao bem estar social. Não se ouvia dizer a palavra corrupção na política, nem genocídio comercial, nem tampouco essa “duvidosa” rede televisiva que leva para dentro dos lares informações sobre tudo, influenciando comportamentos e dizimando culturas. De forma análoga, a medicina vive hoje um momento raro: Grande parte dos médicos sem chances de exercer dignamente a profissão, junto a um sistema cada vez mais capitalista, que dita regras como gerenciador profissional.
Por falar em resgate da dignidade, gostaria de usar este espaço para homenagear um grande médico, Dr. Paulo Monteiro de Barros (foto), contando um pouco da sua história e sua abnegação, ele que dedicou sua vida a cuidar da população de Caeté, e que foi quem também me trouxe para trabalhar na Santa Casa, indicado pelo saudoso Dalton Pereira de Castro.

A VINDA PARA CAETÉ
Dr. Paulo Monteiro veio para Caeté em 28 de outubro 1956, para trabalhar na CFB, em caráter provisório, para substituir Dr. Saul Barbosa Arantes. Naquela época Caeté se encontrava em grande perspectiva econômica, com a CFB se expandindo a todo vapor. Tendo sido aprovado na substituição, foi contratado em definitivo a 01 de novembro de 1956. Devido ao seu caráter amigável e comunicativo, prontamente se interessou pela medicina desenvolvida fora da CFB, tendo observado a precariedade do sistema assistencial, já que a Santa Casa estava fechada e ninguém queria ousar reabri-la, devido ao estado deplorável em que se encontrava. Um dos mais preocupados com essa situação era o então prefeito José Martinho Cançado, que administrava a cidade e contava com um grande número de pessoas amigas a sua volta. Um desses amigos era o Dr. Paulo, que, mostrando seu interesse pela medicina da cidade, foi convocado pelo prefeito, junto aos amigos; Luiz Teodoro da Silva, deputado Demerval Pimenta Filho, e o vereador Rogério Sebastião de Melo, para reabrir a Santa Casa e assumir a provedoria.

MOMENTO DE PÂNICO (1963)
Após várias reuniões, ficou decidido que Dr. Paulo seria o provedor da Santa Casa. Este, quando tomou conhecimento da realidade econômica da Santa Casa, entrou em pânico. Tendo ficado 10 anos fechada, a Santa Casa não tinha aparelhos, nem roupas de cama, nem tampouco crédito na praça. Como sair dessa? A Santa Casa era constituída por 6 casas separadas, que se encontravam totalmente danificadas, necessitando reparos urgentes sob o risco de não oferecer condições mínimas de funcionamento. Saindo à procura de recursos e compra de material de construção, encontrava todas as portas fechadas para aquisição de materiais, já que nenhum comerciante acreditava que a instituição tivesse dinheiro para pagar as contas: “Pra Santa Casa eu não vendo, pro Dr. Paulo eu vendo”, essa era a retórica. Bem, se a Santa Casa não tem crédito, eu tenho (Dr. Paulo), e logo começou a reforma da Santa Casa com material comprado em seu nome. Dona Sandra, esposa do médico, ao tomar conhecimento do montante de dívidas assumidas pelo Dr. Paulo, entrou em pânico: ” Se você morrer amanhã não terei dinheiro para pagar “, devido ao alto custo das contas contraídas pelo Dr. Paulo.

AJUDA DA CERÂMICA E CFB
Caeté vivia um momento de expectativa: A reabertura da Santa Casa. Compactuando com a idéia, apareceram algumas pessoas que ofereceram ajuda para a realização do projeto. Naquela época, a Cerâmica João Pinheiro atuava em sua plenitude, e tinha grande interesse na reabertura da Santa Casa, já que possuía muitos funcionários. De forma cooperativa, a Cerâmica cedeu seus funcionários para dar uma ajuda na reconstrução da Santa Casa, enviando ajudantes, pedreiros, pintores, atitude essa seguida pela CFB, através do Dr. Marco Túlio Viana.

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